sexta-feira, 17 de junho de 2011

A lição de Maria





Maria era uma menina muito mandona, gostava de mandar nos irmãos, nos amigos, no cão Tobi e na gata Mimí e se os seus pais abaixassem a guarda, até neles ela também mandaria, era do tipo dominadora, que todos tinham que fazer o que ela queria.

Assim que Maria acordava, aos berros chamava os seus irmãos pequenos.

__ Hoje quero que arrumem o meu quarto!

Lucas, de cinco anos e Ana, de seis, eram os que mais sofriam com a irmã mandona.

__ E se não me obedecerem vou bater em vocês dois até ficarem roxos e não adianta falar nada pra mamãezinha, porque ela também está em minhas mãos. Vocês viram a hora que ela chegou ontem? Disse que estava fazendo extra, vocês acham? Vai lá se saber! Isso é o que ela diz!

Lucas, mesmo chorando se revolta.

__ Não fala assim da mamãe!

__ Falo sim! Foi ela que pôs o papai pra fora de casa. Ela pensou em nós? Não, porque é egoísta e não gosta da gente.

E continuou Maria envenenando os irmãos.

__ Quando você viu a mamãe, Ana? E você, Lucas? Ela não liga pra nós, portanto na ausência da mamãe, quem manda aqui, sou eu! Vamos, vamos!  Comessem logo com essa arrumação e não quero ouvir nenhum pio de vocês, até a hora de irmos para a escola.

Quando Maria chega à escola procura logo Lila, sua melhor amiga, a única que tem paciência com ela.

__ Lila, você fez os meus exercícios de matemática?

__ Fiz sim, Maria!

__ Espero que estejam todos corretos, senão vou arrancar essas tuas trancinhas da tua cabeça.

__ Não, Maria! Não me bate, está tudo certinho.

__ E o meu lanche, você trouxe?

__ Maria, hoje a mamãe não tinha nada pra por na minha lancheira.

__ Há, não acredito, é muita incompetência. Nem para isso você serve. Bem, por hoje passa, você deu sorte. Não estou com muita fome, mas não faça mais isso.

Até a professora, Maria quer dominar, mas a professora dona Joaquina sabe muito bem lidar com crianças do tipo de Maria e vai logo a colocando em seu devido lugar, o de aluna.

E Maria reclama.

__ Essa dona Joaquina é osso duro de roer. O que custava ela me falar sobre o gabarito da prova, eu não ia contar nada pra ninguém. Não amarelou nem quando eu a ameacei em contar pra diretora que ela tinha me dado um beliscão. Lógico que é mentira, mas nem assim ela abriu o bico.

Maria ainda estava olhando feio para professora tentando lhe intimidar, quando a inspetora entra na sala convidando-a acompanhá-la.

__ Maria, por favor! Venha a minha sala! Ordenou a inspetora de alunos.

A Menina fica surpresa, se perguntando em pensamento

O que foi que eu fiz? O que será que esta chata quer comigo?

__ Olha, dona Dulce! Eu não fiz nada com ela. Adiantou Maria, desconfiada.

Dona Dulce a olha sem compreender.

__ Maria, infelizmente tenho uma notícia ruim para te dar. Sua mãe foi hospitalizada, foi vítima de um acidente no transito, mas fique tranqüila que não foi nada grave. Aí fora estão os seus tios, que irão levar você e seus irmãos para a casa deles, até sua mãe se recuperar.

A casa da tia ficava no bairro vizinho e Maria mal sabia o que a esperava.

A tia Clotilde fazia de tudo para deixar os sobrinhos a vontade, não demora muito, entra pela porta o primo, Maria se surpreendeu como Carlinhos tinha crescido, era o dobro dela.

Maria, com um sorriso amarelo tenta ser engraçada.

__ Tia, o que a senhora está dando para o Carlinhos comer, fermento?

É Carlinhos que responde de um jeito ameaçador.

__ Não priminha! Eu pratico esportes, não sou mais aquele magricelo de antes, que você espancava todas as vezes que eu ia a sua casa. Agora sei me defender.

Maria torna a sorrir amarelo, fingindo não entender, mordendo os lábios de raiva. Poucos sabiam desse comportamento dela. Para os adultos, ela passava uma imagem de menina boazinha, meiga, mas quando estava só com as crianças, Maria se revelava outra pessoa, de personalidade intransigente e dominadora.

Bastou à tia sair da sala, pra Maria pular no pescoço de Carlinhos.

__ Por que você falou comigo daquela forma, na frente da tia, perdeu a noção do perigo?

Carlinhos não se abalou diante da agressividade costumeira da prima, deixou que ela pensasse que estava no domínio. Quando essa estava se sentindo segura, Carlinhos reagiu prendendo suas duas mãos para trás, com força, mostrando pra prima quem era que mandava ali.

__ É só isso que você sabe fazer? Essa é toda sua força, priminha?

__ Ai! Me larga, Carlinhos! Você está me machucando!

__ E não é isso que você gosta de fazer com os outros?

Maria estava surpresa com a reação do primo, que sempre foi seu saco de pancadas.

__ E agora, sua sabichona, é você que vai me obedecer.

Continuava o menino falando em seu ouvido, segurando o pulso de Maria com firmeza.

__ Vá já arrumar o meu quarto e tem mais, se os meus priminhos Lucas e Ana reclamarem que você está os maltratando, vou te surrar até por a tua cara pelo avesso.

Maria não teve outro jeito, a não ser obedecer. Agora, ela sabia como se sentiam as pessoas que ela maltratava. Sua mãe passou dez dias, hospitalizada, enquanto isso, a garota mandona experimentava do veneno que estava habituada a distribuir com os menos indefesos.

Carlinhos não lhe dava trégua. Para todo canto que ia, lá estava o seu primo dando uma nova ordem.

__ Maria! Onde está o meu lanche? Fez a minha lição de casa? E faça direito, senão vai levar um cascudo. Maria! Esqueceu de lavar a minha bicicleta, sua songamonga.

Quando sua mãe saiu do hospital, passou na casa da irmã para pegar as crianças. Maria teve uma crise de choro de tão contente que ficou, porque ia voltar para casa.

Sua mãe ficou surpresa com a recepção.

__ O que foi filha? Não precisa chorar, eu estou bem!

A Mãe de Maria a olhava intrigada, ela parecia outra pessoa. Não tinha mais o ar de arrogante estampado em sua fisionomia, ao contrário, estava gentil e humilde, seus irmãos Ana e Lucas também perceberam a mudança da irmã, mas ao contrário de sua mãe, eles sabiam por que Maria tinha mudado, pois agora ela conhecia o sofrimento de ser uma vítima. 



                Dilma Lourenço Moreira


Um comentário:

  1. É infelizmente não são só crianças que se apresentam com sse tipo de comportamento e com essas atitudes.
    Ao longo da nossa vida deparamo-nos, e temos que conviver com adultos que são iguaizinhos. E quando temos o azar de de alguma forma estarmos ligados a eles tá tudo estragado!
    Como sempre está muito bom.Parabéns

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