terça-feira, 26 de outubro de 2010

Uma Shitara em nossa vida




UMA HISTÓRIA REAL


Era um sábado à noite.
Estávamos entrando no horário de verão, mal sabíamos que ao adiantar os ponteiros do relógio nossas vidas iriam sofrer certa turbulência. Bia e o seu marido Tito assistiam a um filme na TV no conforto do seu quarto quando Pedro, o filho do casal entrou dizendo:
___ Pai, mãe, tenho uma novidade pra vocês, não sei se vocês vão gostar, sinto muito, mas não resisti! De repente surge na porta do quarto um cachorro enorme da raça Bóxer, com a cara preta o corpo cor de mel e com um porte muito elegante.
___ De quem é esse cachorro? Perguntou Bia assustada.
___ É uma cachorra mãe, encontrei ela na rua abandonada! Respondeu Pedro apreensivo.
___ Filho, você ficou louco, trazendo este animal aqui pra casa? Reagiu Bia pulando da cama. Olha o tamanho desta cachorra, ela vai morder a gente! Você esqueceu que moramos em um apartamento?
___ Eu sei mãe, mas essa cachorra deve estar perdida ou foi abandonada pelos donos. Há três dias que ela está no ponto final da lotação, está faminta e maltratada, tive pena de vir embora e deixar ela sozinha nessa noite fria, ela é mancinha, brincalhona e dócil. Coloquei o nome dela de Shitara, vocês vão gostar dela! Bia diz:
___ A questão não é gostar, porque você sabe que gostamos de animais, o problema é que ela é maior que o nosso apartamento! Eu sei que da pena de ver os bichinhos abandonados nas ruas, se eu pudesse também pegaria todos eles, mas infelizmente nem tudo que desejamos podemos alcançar, porque nem sempre está em nossas mãos decidir o destino, até mesmo de um animal. Filho, não temos condições de ficar com essa cachorra, principalmente com este porte em um apartamento. Amanhã mesmo você vai procurar o dono desse animal. Por um anúncio nos jornais, colar algumas fotos dela nos pontos comerciais, enquanto você não encontrar o dono dessa cachorra ela é de sua responsabilidade, pegar um animal abandonado na rua e levar para casa é fácil, o difícil é o destino que você vai dar para esse animal!
Enquanto Bia e Tito discutiam com Pedro se a cachorra ia ficar ou não, ela já tinha feito um baita cocozão e xixi, que mais parecia uma lagoa, no tapete da sala. Tito e Pedro correram desesperados e arrastaram a cachorra enorme para o banheiro, forraram o box do banheiro com jornais, mas ai era tarde demais, o estrago já estava feito, a cachorra já tinha marcado o apartamento inteiro com seu xixi, não sobrou um só tapete, começou com o grande da sala, os da cozinha, área de serviço do corredor e do banheiro, só salvou os do quarto porque ali Bia não deixou ela entrar. Fechou a porta do quarto e eles ficaram lá feitos loucos correndo atrás da cachorra, que a cada parada fazia xixi, sem poder fazer nada, apenas olhando embasbacado. Pedro ia atrás da cachorra jogando jornais onde ela fazia xixi, chamando por Bia, avisando que a cachorra tinha feito xixi outra vez. Bia não saiu do quarto, respondeu lá de dentro.
___ E eu com isso Pedro, foi você quem trouxe a cachorra, agora limpe a sua sujeira!
Tito gritou da sala avisando para Bia que o Pedro só estava jogando jornais em cima dos xixis e do cocô, não estava limpando nada. Bia gritou do quarto.
___ Pedro, quero tudo limpo como estava! Tranca a cachorra no banheiro, recolhe os jornais com xixi, limpa o cocô e passa um pano com desinfetante na casa inteira!
Claro, que terminou sobrando também para Tito quando viu Pedro todo estabanado no meio de toda aquela sujeira, não tinha como ficar só de braços cruzados, além do mais Pedro estava limpando tudo por cima, Tito ia atrás fazendo o acabamento, em seguida juntaram todos os tapetes no tanque com água e sabão e deixaram lá de molho. Enquanto isso, Bia continuou quietinha na cama só ouvindo a bagunça que se formara no resto do apartamento, tem hora que temos que por a razão na frente do coração. Pensava Bia. Pedro precisava aprender, que quando tomamos a decisão de levar um animal abandonado pra casa somos responsáveis pela vida dele. Por traz da frase adote um animal está contida a responsabilidade e a condição de vida que você vai dar a esse bichinho, que depende de você pra sobreviver. Enquanto Pedro com a ajuda de Tito terminavam de limpar a sujeira da cachorra, Bia pegou um acolchoado do armário e foi fazer a cama do animal no corredor, antes que ele destruísse o box do banheiro. Depois que a cachorra estava acomodada e o apartamento limpo, todos foram dormir. Não demorou muito, tinha se passado apenas alguns minutos que a família tinha se recolhido, quando se ouve os passos da cachorra andando pelo apartamento fazendo cocô e xixi outra vez, do quarto se ouvia Pedro falando bravo com Shitara. Que era pra ela fazer xixi nos jornais, levou-a até o banheiro mostrando os jornais onde ela tinha que fazer xixi. Bia sabia que isso não ia dar certo, mas o filho precisava ver com seus próprios olhos, que ela e Tito não estavam com má vontade em ficar com a cachorra, o problema era que ela não ia se acostumar em viver num apartamento era um animal adulto e com aquele porte só podia ter sido criado em um quintal com liberdade, deixar o bichinho preso em um apartamento seria uma judiação. Tito diante do barulho que vinha da sala levanta-se irritado. Bia o impede.
___ Fica aqui, vamos dormir, deixa o Pedro cuidar da cachorra, é preciso que nosso filho aprenda que toda decisão que tomamos tem suas conseqüências!
No dia seguinte bem cedinho, Tito se levantou e foi comprar ração e uma coleira pra Shitara. Alguém tinha que levar a cachorra pra fazer suas necessidades lá fora, porque o Pedro, logo cedinho se mandou para o seu compromisso. Bia continuou deitada por mais um tempo, não conseguia mais dormir, rolava na cama pensando na confusão que Pedro os tinha colocado, porque querendo ou não termina envolvendo toda família, Bia se lembra que precisava levantar, tinha um tanque cheio de tapetes pra ela lavar, isso em um pleno domingo, lavar o banheiro e o resto do apartamento que estava impregnado com cheiro de xixi, Bia ainda estava dentro do seu quarto com a porta fechada, sabia que tinha uma cachorra enorme logo atrás da porta. Seu marido Tito estava demorando pra voltar, o jeito foi enfrentar, ela respirou fundo e abriu a porta devagarzinho, a cachorra estava deitada no box do banheiro, o apartamento inteiro tinha poças de xixi, o único lugar limpo a sabichona estava deitada era o box do banheiro forrado com jornais, Bia procurou não olhar nos olhos da cachorra para que ela não farejasse o seu medo, começou a falar com ela procurando fazer amizade, Bia foi pra cozinha, a cachorra foi atrás. Pensou, deve estar com fome, tinha uns pães em cima da mesa, ela foi cortando e jogando pro animal que ia abocanhando os pedaços de pães em um apetite feroz. Nisso, chega Tito com a ração e uma coleira tipo enforcador e um remédio para estimular a cachorra a fazer as necessidades fisiológica sempre no mesmo lugar, Bia não acreditou muito, sabia que aquele truque só funcionava com filhotes, pelo sim pelo não espalhou uma boa quantidade do liquido no box do banheiro. Depois que a cachorra estava alimentada, Tito saiu com ela para passear, Pedro já nos tinha prevenido que a Shitara tinha medo de escadas, que ele tinha subido os andares trazendo ela no colo. Pobre animal, Bia e Tito ficaram penalizados com o estado de Shitara, não era só medo, era verdadeira fobia. A família morava no terceiro andar, o prédio não tem elevador. Bia e Tito não sabiam se riam ou se choravam diante da situação, a pobre coitada se deitou no topo da escada com a cabeça abaixada em cima das duas patas e tremia virando os olhos como se estivesse tendo uma vertigem. Sendo assim, não tinha outro jeito, Tito pegou Shitara no colo e desceu três andares carregando um baita cachorrão nos braços e ainda assim ela tremia de medo. Enquanto Tito pagava o carma dele descendo e subindo escadas levando a cachorra enorme no colo, Bia foi limpar o apartamento e lavar os tapetes.
Quando Tito retornou com a cachorra do passeio horas depois, Bia estava quase terminando a limpeza, os tapetes estavam escorrendo no varal, ela estava acabando de secar os pisos, pensou pelo tempo que a cachorra ficou lá fora, devia ter feito de tudo, ou seja, xixi e cocô, Bia puxou a cachorra pela coleira e colocou a para deitar no corredor em cima do acolchoado, antes a levou até o box do banheiro, onde Shitara ficou um bom tempo cheirando o tal remedinho que o veterinário do pet-shop tinha indicado. Bia falou firme olhando nos olhos de Shitara, que era ali em cima dos jornais que ela tinha que fazer cocô e xixi. Presa dentro do banheiro, não tinha dado certo, quase destruiu o box e a porta, ela tanto chorava e arranhava querendo por a porta abaixo, que o jeito foi soltá-la no apartamento, antes que Bia,Tito e Pedro também fossem expulsos do prédio, se tornando igual a Shitara, uns sem teto. Bia deixou a cachorra deitada no acolchoado e foi terminar de secar o chão. Foi apenas o tempo de ir ate a área de serviço pegar outro pano, quando volto pra sala estava Shitara fazendo uma poça de xixi bem no meio da sala. Bia deu um grito, a cachorra nem ligou, continuou fazendo xixi parecia uma torneira aberta.
___ Não acredito! Resmungou Bia. Essa cachorra acabou de vir da praça e não para de fazer xixi!
Pedro chegou na hora exata.
___ Você está vendo, Pedro, a situação que você criou! Esta cachorra não para de fazer xixi! Parece que vai se transformar em água. Não adianta você ter pena, compaixão e sair pegando os animais abandonados e trazer-los para um apartamento, isso é pura maluquice! Gritava Bia, histérica no meio da sala.
___ Mãe, me desculpe por todo esse trabalhão, mas não consegui vir embora e deixá-la sozinha no meio da noite fria ameaçando temporal, sem ter para onde ir, ela só tem tamanho, não ataca ninguém, sabe como animal de rua é, fez um carinho, deu comida, pronto, ela já não me largava mais. Lá no ponto final da lotação, todos pensavam que ela era minha, só era eu descer da lotação lá vinha Shitara correndo atrás de mim, eu só te peço um pouco mais de paciência, ela vai aprender a fazer as suas necessidades só lá na praça, igualzinho a Xuxa e a Cindy, você vai ver!
___ Filho, tanto a Xuxa como a Cindy, pegamos quando eram filhotes, foram ensinadas, tinham hora certa e lugar certo para fazer as suas necessidades, diferente desse animal ai, que já é um adulto, dificilmente aprenderá, não estou dizendo que seja impossível, mas isso vai levar algum tempo trazendo sofrimentos tanto prá nós, como para o animal. Às vezes acontecem fatos em nossas vidas que não temos o poder da resolução, por mais que desejamos! Vamos fazer o combinado, a cachorra fica aqui até você encontrar o dono dela, está bom assim?
___ Então Pedro, fez o que eu te pedi? Colou a foto da cachorra nos lugares públicos, para que o dono venha buscar a cachorra?
___ Fiz, Mãe, mas eu já falei pra vocês, ela foi abandonada, jogada na rua, não tem dono. Lá no ponto final da lotação tem outros cachorros na mesma situação que a Shitara, que foram abandonados pelos seus donos. É triste, mas é a pura verdade!
___ Certo Pedro, mas a nossa primeira obrigação é tentar localizar o dono do animal e se o dono não aparecer você vai arranjar outro lar para ela ficar!
___ E se a Shitara aprender a fazer xixi na praça, ela pode ficar?
___ Pedro, olha pra esse apartamento, até na cozinha o piso está coberto de jornais, já que ela só faz no lugar que não tem jornal, então em cobri o apartamento inteiro com jornais e deixei o box do banheiro livre, vamos ver se assim funciona. Agora eu te pergunto, até quando vamos agüentar viver nessa bagunça? Com o apartamento forrado com jornais e cheirando a xixi! Claro que não vamos jogar o animal na rua, mas também nós não podemos viver muito tempo nessas condições!
Pedro não disse mais nada, abaixou a cabeça e saiu triste puxando Shitara pela corrente levando-a pra fazer xixi na praça, enquanto Bia desinfetava mais uma vez o apartamento. Tito também estava triste. A família estava vivendo uma situação difícil, queriam muito ficar com Shitara se o dono dela não aparecesse, porém, não basta apenas ter o desejo de adotar um animal, é preciso ter condições, para que ambos vivam bem, para que tanto o homem como animal sobreviva com certo conforto. Era mesmo uma pena. Pensava Bia, Shitara é realmente especial e lembrava muito as duas cachorras que tiveram, o mais incrível é que na personalidade de Shitara se reunia as qualidades de Xuxa e Cindy, não apenas na meiguice e no carisma, mas em suas atitudes e maneira de ser, apesar da revolução que Shitara estava causando em nossas vidas, tinha conquistado a todos nós. Agora, era torcer para que Pedro encontrasse logo o dono de Shitara, caso contrário, a separação vai ser mais dolorosa. Outra coisa que Shitara não gostava era de ficar sozinha, não podia ver nenhuma porta fechada, nem a porta do banheiro podíamos fechar, chorava e arranhava a porta querendo entrar, para todo canto da casa que íamos ela ia atrás e deitava-se bem próximo dos nossos pés, a carência dela era visível. Era complicado, porque Shitara fazia xixi a toda instante, não sei se era ansiedade ou o que? O fato de Bia ter forrado o apartamento com jornais e deixado o box do banheiro livre, por algumas horas até que deu certo, porém não demorou muito Shitara começou a ficar agitada procurando um canto pra se aliviar. Tito correu e arrastou a cachorra para o box, ela ficou um tempo cheirando o tal remedinho estimulante até que fugiu pra sala espirrando, terminando arranjando um cantinho para arriar um baita cocozão, voltando assim a estaca zero. Sem contar, que todo esse tempo Shitara não deu um só latido, o que era bom pra nós. Com o porte que tinha, o latido deveria ser bem forte, o que iria nos trazer problemas com os vizinhos e ao mesmo tempo tínhamos pena, porque se ela não estava latindo era porque não estava bem. E assim o tempo ia se passando, quando Shitara não estava fazendo xixi estava brincando com uma bolinha de borracha e destruindo um ursinho de pelúcia que Bia tinha dado para ela se distrair, ou estava dormindo, aliás, roncava mais que o marido de Bia, soltava "pum" feito gente grande, isso bem alto, que mesmo com a porta do quarto fechado, dava para ouvir Shitara roncando e soltando "pum". Nessa hora Bia e Tito riam muito, porque os animais, diferentes do homem, não têm certos pudores, eles mostram o que são. Dava pena também quando ela estava tendo pesadelos, chorava, gruía, o peito arfava tanto que parecia que estava tendo um ataque cardíaco. Tito ou quem estivesse por perto corria em seu socorro acordando-a e fazendo carinho, tentando acalmá-la.
Nisso, já era segunda-feira. Tito já rolava pelo chão da sala brincando com Shitara, ela fingia que mordia o braço dele, ele fazia cócegas na barriga dela, quem via pensava que Shitara já estava há muito tempo em nossas vidas, estava claro que a amizade já tinha se formado. Tanto Pedro quanto Tito ficavam se lamentando pelos cantos, que era uma pena que não podíamos ficar com Shitara. Seu dono, apesar dos apelos não tinha aparecido, ficávamos imaginando, afinal o que teria acontecido com os donos de Shitara para agir daquela forma, um animal tão dócil como esse ser jogado na rua. Bia também estava sentida, mas alguém tinha que ser forte naquela família e como sempre a carga caia em seus ombros. Pedro sugeriu que mudassem para uma casa, assim não teriam que se desfazer de Shitara. Bia riu da ingenuidade do filho.
___ Pra você é tudo fácil, não é meu filho? Seria bom se na prática funcionasse assim! Esse apartamento é próprio, voltar para o aluguel, nem pensar! Eu sei que você e o seu pai estão loucos pra ficarem com a cachorra, até eu, mas como eu já te disse, nem tudo que desejamos podemos ter, a Shitara não é um brinquedo que podemos guardar em um armário, ela precisa fazer suas necessidades fisiológicas com tranqüilidade, ela é um ser que tem sentimentos e precisa ser tratada com respeito, você deveria ter pensado nisso antes de trazê-la aqui pra casa. Estamos em uma situação difícil, até mesmo decepcionante, estamos todos apaixonados pela Shitara, mas não temos condições de ficar com ela. Só nos resta aquela segunda opção, já que o dono de Shitara não atendeu ao chamado vamos arranjar outro lar para ela. Teu pai esteve conversando com o vizinho do outro bloco, ele também adorou a Shitara, achou ela linda, disse que tem uma filha que mora aqui perto em uma cidade vizinha e tem uma casa com quintal, gosta muito de animais e se o teu pai não fosse ficar com a cachorra o homem disse que levaria Shitara para a filha dele! O que você acha Filho? Pensa no melhor para Shitara, em uma casa ela vai ter mais liberdade, um quintal para correr e brincar, fazer suas necessidades tranqüilas, sem escadas pra lhe aterrorizar!
Pedro ficou alguns minutos triste, pensativo olhando pra cachorra deitada no acolchoado. Depois de um tempo pensando, perguntou.
___ Mãe e se eles judiarem de Shitara?
___ O vizinho disse que o casal adora animais, carismática do jeito que Shitara é, duvido que não vão gostar dela!
___ Tá bom! Concordou Pedro, com os olhos tristes!
___ Se não tem outro jeito, mas eu quero ir junto para conhecer o casal, quero ter certeza que Shitara vai ficar bem!
Bia teve essa conversa com Pedro na segunda-feira a tarde. A noitinha dessa mesma segunda, Shitara partiu para levar amor para um novo lar.
A despedida foi muito difícil, enquanto Bia dobrava o acolchoado de Shitara e recolhia o ursinho, a bola de borracha e também a ração, colocando tudo dentro de uma sacola, Shitara que estava sentada do seu lado prestando atenção em tudo o que Bia fazia, parecia até que estava entendendo o que estava acontecendo. Bia disse:
___ Shitara, foi um prazer acolher você em nossa casa, perdão por não poder ficar com você, agradeço por ter feito parte de nossa família, apesar de ter sido apenas dois dias e meio, você nos marcou com seu carisma, com seu afeto! Bia lhe dá um abraço apertado com carinho, lhe desejando sorte.
O interfone toca, é o vizinho chamando Tito e Pedro, avisando que era hora de partir.
Bia acompanhou pela última vez o sofrimento de Shitara para descer as escadas, seu coraçãozinho estava acelerado, era nítido o medo estampado em seu rosto, trêmula, empacou no topo da escada. Tito penalizado pegou a cachorra em seu colo e desceu cambaleando as escadas com o peso de Shitara. Bia emocionada joga um beijo de adeus para ela, desejando que fosse feliz. E assim, partiram levando Shitara para conhecer o seu novo lar. Não demorou muito, Tito e meu filho estavam de volta. Pedro apesar de estar muito triste disse que Shitara ia ficar bem, o casal eram simpáticos e adoraram a Shitara, deixaram até que ela cheirasse o bebê que estava no colo da moça, a casa era modesta, porém o quintal era espaçoso, tinha também um menino, o Caio, de mais ou menos cinco anos de idade, o filho mais velho do casal, que veio brincar com a bola de borracha de Shitara, que logo se soltou, correndo no quintal com Caio. Enfim, esta história teve um final feliz, Shitara ganhou uma nova família. Quanto ao meu filho lhe restou uma lição, tem momentos em nossas vidas que não importa o que queremos, por mais que desejamos, o mais importante é fazer feliz a quem se ama. Não era o que queríamos, deixar Shitara partir de nossas vidas. Meu marido diz estar sentindo uma tristeza, um vazio muito grande, até mesmo decepcionado por não ter tido condições de ficar com a Shitara. Eu penso da seguinte forma, a Shitara só estava de passagem em nossas vidas, não era para ser nossa. Esses momentos que passamos junto com ela veio nos trazer muitos aprendizados, entre eles despertar o sentimento da solidariedade e amor aos animais.


Observação (1): Mesmo de longe continuamos acompanhando a vida de Shitara. A última notícia que tivemos através do vizinho, é que ela está se adaptando muito bem, inclusive está até latindo.

Observação (2): Os nomes verdadeiros dos personagens contidos nesta história foram alterados por motivo de privacidade.


Dilma Lourenço Moreira



2 comentários:

  1. Meu comentário é em forma de história.Quando fiquei grávida de minha primeira e única filha,meu pai me deu de presente uma Dalmata, eu dei o nome a ela de Cigana.Ela dormia sempre comigo na rede,na cama,estava sempre no meu colo,era um filhotinho.Minha nene nasceu e quando cheguei em casa ela pulou dentro do berço e lambeu ela todinha...Quando minha filha tinha 1 anos e meio, dois não me recordo bem ,ela desapareceu no imenso quintal que possuiamos no interior de Minas gerais,ai na loucura de procura-la descobrimos algo.A cachorra havia dado cria tinha uns 8 ou mais cachorrinhos tudo branco branco,as manchas aparecem após,acreditem se quisere,Minha criança tirou uma a um os cachorros da teta da mãe(a cachorra) e mamou na cadela.Coincidência ou não, essa minha filha nunca aodeceu,e uma menina feita de aço ,tanto de mente ,coração e de saúde.Eu amo os animais.thaisreder2006@gmail.com(não soub postar de outra forma se não fosse anonimo.

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  2. Seja lá quem for, desculpe te responder atrasado.
    Obrigada e volte sempre.

    Abraços

    Dilma

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