Era um lindo domingo de primavera, nas primeiras horas da manhã.
Pedro e seu filho Júnior estão a caminho do Horto Municipal, a finalidade da
jornada era pegar água na bica. Enquanto o pai enchia os galões com água
fresquinha da nascente, Júnior se divertia com as araras, papagaios, tucanos,
macacos pregos e muitas outras aves e animais que faziam a alegria das crianças
e adultos, no parque municipal.
Pedro, depois de abastecer o porta-malas do carro, com os galões
de água, se junta ao filho para também entrar na farra com o garoto, que ria a
valer com as peraltices dos macacos, sem contar com o leão, o tigre, onça
pintada, etc. que completavam o cenário brilhantemente do horto municipal, até
que em certo domingo desses, depois de muitas idas e vindas a caminho do horto,
Pedro e Júnior tem uma grata surpresa, no meio fio, entre as folhagens secas,
Júnior percebe algo se mexendo.
__ Pai! Pai! Para o carro, tem alguma coisa no meio daquelas
folhagens se mexendo.
__ Não é nada filho, deve ser apenas ratos.
__ Não, pai! Não é rato, para o carro, é um cachorrinho.
Coitadinho pai, ele está tremendo de frio, se ficar aqui vai terminar sendo
atropelado. Está tão fraco que mal consegue ficar de pé.
__ É, tem razão! Hoje é domingo e o canil da prefeitura está
fechado, o horto também há esta hora não tem veterinário, esse filhote está
muito doente, quase um moribundo.
__ O que é um moribundo, pai?
__ Eu quero dizer, que o bichinho está morrendo.
__ Coitadinho dele, pai! Mal consegue respirar, está tão magro,
olha as costelinhas dele, dá até pra contar, está pele e osso. Será que ele
fugiu de alguma casa, ou alguém largou ele aqui pra morrer?
__ Vai se saber filho, o fato é que o animal está agonizando.
__ Ele está morrendo, não é pai?
__ Sim! O pior que não tem nada mais a fazer.
Enquanto isso Júnior tinha tirado sua camiseta e enrolado no
cãozinho, que mesmo assim continuava tremendo de frio. Era cotozinho, com o
rabinho cortado e as orelhas se sobressaiam diante de sua magreza. Tremia o
tempo todo, parecia que estava tomando choques.
__ Pai! Vamos levar o bichinho pra casa?
__ Está bem filho, desde que você esteja ciente que este animal
não tem condições de sobreviver. A tua mãe vai querer me matar quando te ver
com esse cachorro cadavérico, dá até uma má impressão olhando pra ele.
Dito e feito, quando chegamos em casa e mamãe colocou os olhos em
cima do cachorro, levou um susto, quase derrubou a casa em cima do meu pai.
__ Você ficou louco, trouxe esse animal pra morrer aqui em casa? Olha
a cara do teu filho, não pensou no sofrimento do menino quando esse cachorro
morrer?
__ Não briga com o pai, mãe! Eu sei que o cachorrinho está muito
doente, deixa a gente cuidar dele, pelo menos o coitadinho não vai morrer
sozinho. Apelava Júnior ao coração da mãe, enquanto trazia uma canequinha com
água.
Pedro se aproxima ajudando o filho a por água na boca do filhote,
mas era em vão, o animal era osso puro, mal conseguia engolir a água.
Agora o animalzinho arfava com muita força, lutando contra a morte,
até que Pedro, olhando com mais atenção para o animal constata quase em
desespero:
__ Espera aí, Júnior! Tem alguma coisa preso na boca do cachorro.
Pedro pega uma chave de fenda e examina a boca do animal, com
cuidado e só agora ele percebia que o bichinho tinha a boca aberta o tempo todo
e com a ajuda de um alicate, com muito cuidado para não ferir ainda mais o
filhote, tira uma casca de noz, que estava prendendo a respiração do pobre
animalzinho.
Júnior e Pedro não cabiam em si de tanto contentamento,
constatando que o animalzinho não estava morrendo por doença, estava apenas
engasgado. Júnior, mais que depressa se aproximou com as mãos cheias de água,
junto à boca do bichinho, que muito sedento ficou um bom tempo matando quem
estava lhe matando.
Júnior tinha os olhos brilhantes de felicidades.
__ Olha pai! Ele já está tomando água, então ele não vai mais
morrer, não é mesmo pai?
Pedro também tremia, mas era de emoção.
__ Não é ele filho, é ela, é uma cadelinha. Vamos cuidar para que
ela sobreviva, apesar de estar muito debilitada vamos ver como ela vai reagir
daqui para frente.
Estávamos todos estagiados e encantados com a surpresa
gratificante rindo em volta da cachorrinha, que estava em tempo de se afogar
dentro da caneca, de tanta água que bebia.
__ Oba!!! A cachorrinha está viva, ela não vai mais morrer! Vamos
dar um nome pra ela pai? Ela vai se Chamar Xuxa.
Mamãe se aproximou trazendo remédios pra passar nos ferimentos da
boca da Xuxinha e a fez engolir algumas colheradas de soro caseiro, ela estava
muito fraca, ainda não conseguia ficar de pé, sem cair, mas estava viva.
Júnior estava todo cheio de esperança, o garoto emocionado dá um abraço
apertado no pai.
__ Obrigado pai! Você salvou a vida da cachorrinha, você é o herói
da Xuxa, ainda bem que descobriu. Há tempo que a coitadinha tinha uma casca de
nozes presa na boca, estava apenas engasgada, por muito pouco não morreu
sufocada.
Pedro sorri sem graça.
__ Pois é filho, eu não sei como não percebi isso logo, o
animalzinho sofrendo diante dos meus olhos, quase morreu em minhas mãos, foi
Deus que nos colocou no caminho desse animal, se deixássemos ele na estrada com
certeza a estas horas estaria morto.
O animalzinho ainda tremia muito de frio.
Mamãe se aproximou sorrindo, trazendo uma caixa de papelão forrada
com cobertores.
__ É melhor agasalhar essa senhorita treme- treme, antes que
congele de frio.
Depois de acomodada, bem enrolada nas cobertas, a cadelinha
adormeceu sobre os olhares carinhosos de sua nova família.
A pobrezinha era tão mirradinha, magra que dava dó, sabe-se lá
quanto tempo estava com aquela casca de nozes na boca, era só pele e osso, até
achamos que fosse um filhote da raça chihuaua no entanto, após ser tratada, bem
cuidada, a filhote surpreendeu a todos. Ficou forte, cresceu, tomou
corpo, só aí descobrimos que se tratava de uma linda fêmea de cruzamento de
vira-lata com doberman.
Hoje Júnior passeia todo orgulhoso com a sua bela cachorra Xuxa.
Quem a viu moribunda, diz ter sido um verdadeiro milagre a cadelinha ter
sobrevivido.
Obs. Se quiser ler mais histórias como essas, inclusive saber qual
foi o destino desta cachorrinha, vocês vão encontrar no próximo livro: “Os cães
da minha vida”
Dilma Lourenço Moreira.
E graças a estas surpresas que nos acontecem pelo caminho é que muitos conseguem sobreviver...
ResponderExcluirAbraços e meu carinho!!!
Malu, desculpe te responder atrasado.
ResponderExcluirObrigada e volte sempre.
Bjs.
Dilma
Olá gente obrigado a todos que leram essa história.
ResponderExcluirAqui quem fala e o Filho de Dilma. O Menino da História.
Obrigado Pelo Carinho De Todo Mundo