domingo, 30 de dezembro de 2012

A foca e o golfinho


Aqui nesse aquário municipal mora uma família de focas, porém dona Isabel é muito exigente com seus filhotes, tudo tinha que ser do jeito que ela queria, se dava uma ordem, ai daquele que não obedecia.
O senhor João, o esposo de dona Isabel que convivia já há alguns anos com ela sabia que não adiantava discutir com a foca, os seus filhotes morriam de medo da mãe, chegavam até a apanhar de palmatória quando desobedeciam as suas recomendações.
Às vezes o senhor João tentava argumentar, pedindo que a esposa fosse menos intransigente com as crianças, mas a dona foca não queria nem ouvir, orgulhosa, não permitia que ninguém ousasse lhe dar conselhos, ainda mais vindo da parte do senhor João, que na visão de dona foca, muito bonzinho, mas mal usava os seus neurônios, era quase um demente, fazia tudo que as crianças queriam. Afinal, o que ele entende da vida pra querer me contestar? Se perguntava a foca Isabel revoltada, ela era um animal hiper dotado de inteligência. Todos ficavam impressionados com seu QI, vinha gente de toda parte do planeta para conhecer a foca mais inteligente do mundo, por conta disso exigia que os seus filhotes se comportassem a altura, não permitia relapso nos estudo, obrigando que eles fossem perfeitos em tudo,afinal ela era um exemplo.
Outra coisa que a foca Isabel não tolerava, até mesmo ignorava, era tipinhos de QI baixo, até que um dia chegou um novo morador no aquário municipal que passou a ser o desafio da foca Isabel, era ele apenas um filhote de golfinho, seu nome era Zezinho, esse passava o tempo inteiro fazendo perguntas, sempre provocando o ego de dona Isabel, que respondia tudo na ponta da língua. Ela logo percebeu que o golfinho era muito esperto e não perdia a chance de desafiá-la, esta, por sua vez passava dia e noite estudando, se preparando para um novo confronto, ela bem sabia que o golfinho Zezinho estava ali para enfrentá-la e ele não escondia a satisfação quando ela titubeava diante das perguntas.
O garoto Zezinho parecia ter nascido sabendo, era seguro, tinha em seu semblante a altivez da arrogância, colocando a foca muitas vezes em saia justa com as suas perguntas muito bem elaboradas, logo, a foca percebeu quais eram as intenções do golfinho, era um desafio para descobrir qual era o animal mais inteligente, a foca Isabel em razão disso mais conhecimento ia buscar, pois agora ela tinha alguém para superar.
E Zezinho perguntava, perguntava, deixando a foca zureta diante de tanta interrogações. Era nítida a provocação do golfinho ao abordar determinados assuntos, ele tinha respostas para todas suas perguntas, prova que a foca não podia nem gaguejar diante das perguntas que Zezinho com ar vitorioso mais que depressa pulava diante da foca dizendo a resposta correta. Quando isso acontecia a foca ficava pra morrer, com o orgulho ferido remoia com seus botões a infelicidade daquele moleque ter surgido em seu caminho.
__ Que moleque petulante, ele acha o que? Que eu não sabia a respostas. Quem esse pestinha pensa que é?
 Mas Zezinho não estava ali de brincadeira e não sossegou até derrotar a foca, o animal mais inteligente do mundo, tanto fez que a alto-confiança de Isabel foi parar nos pés.
A foca, garbosa e orgulhosa de antes, não era mais a mesma e terminou se rendendo, admitindo que o golfinho fosse mais inteligente que ela, descobriu que não era tão especial como pensava, que também tinha suas limitações. Destronada do cargo do animal mais inteligente do mundo, ficou um tempo triste pelos cantos, porque o golfinho derrubou a sua altivez, mas quem ganhou com isso foi o senhor João e seus filhotes, a foca Isabel finalmente percebeu que o importante não é saber de tudo e sim fazer bom uso de tudo que se sabe.
Hoje, ciente que ninguém sabe de tudo está mais compreensiva com o esposo e as crianças, compreendeu que todos têm suas limitações, o saber nunca é demais, porém o mais importante é a lição que se pode tirar a vida!


Dilma Lourenço Moreira

Um comentário:

  1. Oi Dilma, realmente, é por aí...todos nós temos as nossas limitações e por conta disso devemos adaptar a forma de ser ao convívio social, para sermos felizes....abçs

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