Dalva é uma estrelinha do mar, em noites
claras e estreladas ela se deitava na areia ainda morna da praia e ficava a se
perguntar, tentando puxar pela memória, que momento da sua vida tinha caído do
céu, vindo parar no mar? Suspirava a estrelinha, inconformada com seu destino.
E continuava a estrelinha a se lamentar,
falando consigo mesmo:
__ Lá no céu deve de ser melhor de se viver do
que aqui no mar. Aqui é cheio de animais estranhos, querendo engolir uns aos
outros. Sinto que aqui, não é o meu lugar! Soluçava a estrelinha baixinho,
desejando voltar para o céu, quando ouve a avó lhe chamar.
__ Dalva, vem dormir, já é tarde! O que tanto
faz aí sozinha olhando pras estrelas?
__ Vovó! Quando foi que caímos lá do céu?
A vó Estela acha graça na pergunta da neta e
ri descontraída.
__ Então você acha que somos como aquelas
estrelas do espaço e caímos no mar?
__ E não foi assim, vovó? Nós somos, ou não
somos estrelas?
__ Somos estrelas marinhas! Nascemos no fundo
do mar, para chegarmos a ser uma estrela como aquelas que você está vendo lá em
cima bem pertinho do céu grandiosa e cheia de luz, vamos ter que aprender ainda
muita coisa sobre a vida.
Tonhão, o caranguejo, se junta a elas e vai
logo dizendo:
__ Se você não está satisfeita que é uma
estrela do mar, imagine eu, que além de morar em tocas escuras, ainda ando de
lado. Você não sabe a luta que tenho que enfrentar pra fugir dos predadores.
Vovó Estela torna a dizer, sorrindo.
__ E uma das primeiras lições do nosso
aprendizado em rumo ao caminho das estrelas do céu, é nos aceitar do jeito que
somos, cada um tem a vida que merece, ou que convém melhor ao seu crescimento
moral.
__ A senhora quer dizer vovó, que se nasci
aqui no mar é porque ainda não tenho merecimento pra ser uma daquelas estrelas
brilhosa lá do céu? Que eu saiba sempre me comportei bem e nunca fiz mal a
ninguém!
__ E eu, então se adiantou o caranguejo na
defensiva. Ao contrário, sou uma vítima, vivo fugindo dos predadores que querem
me devorar.
Vovó Estela olhando nos olhos de seus
ouvintes, interroga:
__ E o bem, vocês já fizeram? Ninguém chega ao
estágio radiante de uma estrela do céu, sem antes não ter praticado a caridade.
Para se chegar ao nível de uma estrela do céu, antes precisa se doar ao
próximo, a luz que brilha tem que vir do seu interior.
__ A senhora quer dizer, vó Estela. Pergunta o
caranguejo, preocupado. Que não basta ser bonzinho! Não basta ficar quietinho
na minha toca, me mantendo fora do perigo? Tenho que interagir com o mundo, ser
sociável com todos, a minha volta, auxiliar o meu próximo, porque só com a
prática do bem, se chega à luz interior?
__ Sim! Tonhão, praticando a caridade,
acenderemos a nossa luz interior!
A estrelinha Dalva apreensiva, também quer
saber.
__ Então, se eu praticar a caridade, eu
consigo essa luz interior, vovó?
__ Sim, mas tem que ser uma ajuda
despretensiosa, sem esperar nada em troca. Na verdade, só se chega a essa luz
quem se doa por inteiro ao próximo, mas para obter essa atitude, é preciso
primeiro aprender a se amar, se aceitar do jeito que você é. Não importa como
você é fisicamente, o importante é o que você pode fazer para melhorar o seu
interior. O que eu quero dizer, minha neta que na verdade não adianta você
ficar aí todas as noites olhando para o céu se lamentando e nada fazer para
modificar a sua situação, se você quiser se igualar as nossas irmãzinhas
estrelas lá do céu, essa mudança tem que vir de dentro para fora, até o
caranguejo Tonhão já entendeu que se ele ficar escondido dentro de sua toca com
medo de se arriscar, nada em sua vida vai mudar e que mesmo com esse seu jeito
torto de caminhar, ele vai para onde desejar, sendo assim somos livres para
tomar o caminho que escolhermos, é você que decide que tipo de estrela que você
quer ser. Todos nós temos uma luz interior, basta seguir o foco, para a luz
aparecer!
O caranguejo sai na frente todo torto,
disparando em uma corrida, gritando para a amiga:
__ Vamos rápido, estrelinha! O que estamos
esperando para começar logo a fazer o bem!
Vovó Estela e a estrelinha Dalva, de longe
riam da corrida estabanada do caranguejo Tonhão, que assim mesmo todo torto,
corria em busca do seu foco de luz.
Dilma Lourenço Moreira
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