O senhor Joaquim acordou bem cedo. Mal o sol
tinha nascido passou no bar do Manolo, tomou um cafezinho e seguiu viagem em
direção do lago.
__ Boa pescaria, seu Joaquim!
__ Obrigado, seu Manolo!
Chegando ao píer, ele entra em seu barco e sai
remando até o meio do lago, prepara a isca na vara de pescar e joga a linha,
confiante que logo um peixão vai morder sua isca.
E agora era só esperar.
Lá pela metade do dia o senhor Joaquim estava
cochilando, quando sente uma tímida balançadinha na linha. Ele se anima, fica
de pé no barco e dá um puxão na vara, sorrindo recolhe o anzol, feliz, pensando
que tinha fisgado um peixão, quando vê, é um peixinho tão pequenininho, que
fica decepcionado.
__ Tanto trabalho pra nada! É até uma
vergonha, levar pra casa esse peixe!
Quando ouve o peixe dizer:
__ Também não precisa humilhar!
Seu Joaquim fica abismado.
__ Uai! Peixe fala?
__ Qual a surpresa! O senhor também não está
falando? E já que eu sou tão pequeno, porque o senhor então, não me joga de
volta pra lagoa!
__ Ora, porque é melhor um peixinho pequeno,
do que nenhum!
__ Mas eu sou tão magrinho, veja! Não tenho
carne nenhuma pro senhor comer e além do mais, a minha mãe disse que era pra eu
voltar cedo pra casa!
O Seu Joaquim estava ficando furioso.
__ Olha aqui, peixinho? A pescaria já não está
boa, ainda vou ter que agüentar você choramingando no meu ouvido?
__ É que eu estou com saudade da minha mãe!
Posso ir embora? O senhor é um pescador consagrado, vai perder todo o respeito
se os outros pescadores me virem entre os seus peixes!
__ Cala essa boca! Você está afastando os
outros peixes, com essa choradeira!
__ Se o senhor me soltar, eu ajudo o senhor a
pegar outros peixes bem maiores que eu!
__ Bem! Agora estamos falando a mesma língua!
E qual a garantia que você me dá?
__ Eu sou um peixe de palavra! Sou ainda
pequeno, mas tenho o meu valor! E o que o senhor tem a perder, o dia está quase
terminando! O que prefere? Levar um peixinho pequeno pra casa e ser a piada dos
outros pescadores, ou voltar para casa com o cesto cheio de peixes, aí sim, a
sua moral diante dos pecadores irá ficar excelente!
__ Está certo! Olha lá, em peixinho! Eu estou
confiando em você! Se estiver pensando em me passar a perna, vai se arrepender!
Nem que eu tenha que passar a rede de ponta a ponta deste lago, eu vou te pegar
e farei de você um delicioso sushi!
E mesmo desconfiado, o senhor Joaquim devolveu
o peixinho pras água do lago.
O peixinho estava tomando fôlego, nem ele
acreditava que estava vivo, quando ouve a mãe chamar:
__ Júnior, onde você estava, filho?
__ Oi mamãe! Que saudade de você, pensei que
nunca mais ia te ver! Disse o peixinho, abraçando a sua mãe.
__ O que aconteceu, Júnior?
__ Mamãe! Estou fugindo de um pescador,
tropecei em um anzol e ele me pegou, fiz um trato com ele. Se ele me soltasse,
em troca levaria outros peixes bem maiores que eu, para cair no anzol dele!
Mamãe, eu dei a minha palavra!
__ Júnior, você seria capaz de fazer isso com
seus irmãos?
__ Claro que não, mamãe! Você sempre me
ensinou que devemos ser leal com os nossos amigos, por outro lado você também
sempre disse que um peixe tem que honrar com a sua palavra! E não quero que o
pescador pense que eu sou um peixinho sem palavra!
__ Júnior, não é peixe que ele quer? Então ele
vai ter peixe! Quero ver ele me arrastar pra dentro daquele barco, com aquela
varinha que tem nas mãos!
__ Boa, mamãe! Posso ir junto?
E assim mamãe peixe fez, prendeu o anzol do
seu Joaquim em uma pedra e deu um puxão na linha, o pescador se animou, ficando
de pé no barco. Mamãe peixe era enorme e começou a pular perto do pescador,
esse estava tão alucinado que pensou que o peixão estava em seu anzol e lutou
com muita bravura tentando fisgar o peixão, porém dona peixe pulou tanto
próximo do barco, que esse virou derrubando o pescador, quando ele caiu nas
águas se enrolou na própria linha de sua vara e teria se afogado se mamãe peixe
não tivesse o salvado. Dona peixe arrastou o pescador, na linha de pesca
próxima as margens do lago, até que este tivesse areia debaixo dos seus pés.
Júnior estava ali perto vibrando, assistindo a mãe entrar em ação, quando viu o
pescador cair nas águas se debatendo todo enrolado com a linha de pescar em
volta do pescoço se afogando, no entanto o peixinho não compreendeu a atitude
da mãe.
__ Mãe, por que você não deixou o pescador
morrer afogado? Ele passa o dia todo matando os peixes no lago!
__ Porque não se paga o mal com o mal! Não
seria eu melhor que o matador de peixes, se deixasse ele todo enrolado na linha
se afogar no fundo do lago. Além do mais, a minha intenção não era de matar
ninguém, queria apenas dar uma lição no matador, para ele aprender da próxima
vez mexer com peixes do tamanho dele!
Estava anoitecendo, quando seu Joaquim entra
no bar do Manolo. Ainda assustado com a agonia da morte, passa a narrar com
bastante entusiasmo a história de que tinha sido salvo de dentro das águas do
lago por um peixe que era do seu tamanho.
As pessoas que estavam no bar ouvindo se
divertiram muito, rindo do seu Joaquim.
O Manolo, dono do bar, disse:
__ Senhor Joaquim, já ouvi muitas histórias de
pescador, mas essa sua, foi a melhor! Só falta o senhor dizer que o danado do
peixão fez respiração boca a boca, no senhor!
O senhor Joaquim foi embora desacreditado,
também, quem manda pescador ser tão exagerado.
Dilma Lourenço Moreira
Dilma,
ResponderExcluirHistórias de pescador mentiroso já são conhecidas, não? rsrsrs
Gostei dessa; valeu ter-nos trazido!
Esses contos fabulosos costumam ser bem inteligentes!...
Abração da Mary pra você! :)
Gostei da história,em que belo dilema se meteu este peixinho heim? me vez recordar da infância...
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