Carlos é um
pavão muito orgulhoso, sabe que é belo e chama a atenção por onde passa,
caminha cheio de si exibindo o seu leque colorido entre as alamedas do parque.
Os visitantes tiram fotos extasiados diante da beleza do pavão Carlos, esse
satisfeito posa para os visitantes. Só que tem mais alguém querendo aparecer.
Logo atrás do leque aberto de Carlos, a pata Geni pega uma carona para sair
também na foto. Carlos fica furioso todas as vezes que a pata faz isso.
__ Você já
faz isso para me irritar, não é Geni? Você não se toca que ninguém quer foto
sua! Saia logo daí! Chiou. A estrela do parque sou eu!
__ Carlos,
isso é egoísmo, me deixa ficar aqui só mais um pouquinho! Falava a pata Geni
enquanto fazia pose pros visitantes fotógrafos, que não paravam de tirar fotos
do pavão.
__ Geni, saia
logo daí, estou perdendo a paciência com você! A pata Geni continua fazendo
pose e diz sorrindo.
__ Carlos,
sorria pros fotógrafos, não fica nervoso, assim você está ficando feio! Faça
assim como eu, olha, olha, o moço ali vai tirar outra foto. Fala Carlos,
aproveita para sair bem na foto! Dizia a pata Geni mostrando seus dentinhos.
Com isso, terminou realmente a pata Geni roubando a atenção para ela. Geni
ganha os focos dos fotógrafos que se divertem com as poses da pata fazendo
gestos meigos. O pavão irritado fecha o seu leque e vai embora. A pata Geni se
diverte irritando Carlos, ele acha que os visitantes vêm ao parque somente para
vê-lo. Mas Carlos é também vingativo e quando percebe que Geni conseguiu a
atenção dos visitantes corre em sua direção atropelando-a, tirando-a dos focos
dos fotógrafos e assim Geni também termina perdendo o rebolado e sai de cena
acompanhada pelas gargalhadas do pavão se achando vitorioso.
__ E ai,
gostou papuda? Eu já te falei Geni, fica longe de mim, olha pra você, é um
tipinho comum, ninguém te vê. Você não tem atrativos nenhum, enquanto que eu
quando estou com o meu leque aberto encanto a todos com as minhas belas cores!
A pata Geni se aproxima com uma das asinhas na cintura e outra apontando na
direção da crista do pavão.
__ Há! Agora
você falou uma verdade Carlos, você só chama a atenção quando está com a calda
aberta, caso contrário, você também passa despercebido!
__ E daí,
cada um usa as armas que tem meu bem! Tornou o pavão exibindo seu leque na
frente da pata, se sentindo magnânimo. E você, que nem isso tem, se contenta em
ficar na sombra dos outros!
__ Carlos,
você acha que é melhor que eu só porque tem uma cauda colorida, pois eu te
proponho um desafio!
__ Qual é?
Não vale o desafio de quem tem a carne mais gostosa, há, há, há! Gargalhou o
pavão cinicamente e continuou Carlos ironizando. Pata Geni, sabe qual a
diferença entre nós dois? É que eu sou uma ave de adorno e você é uma ave
comestível, dizem que pato com laranja é muito bom, há,há,há, então Geni, diz
ai, afinal qual é o desafio?
__ Vou te
provar que não sou apenas uma ave comestível, tem coisa mais importante que a
beleza exterior!
__ Pode até
ser, mas a primeira impressão é a que fica! Respondeu o pavão orgulhoso de sua
cauda.
__ Olha
Carlos, a dona Guaxinim amamentando os seus filhotes! Aposto que se você abrir
a sua calda agora, não vai chamar a atenção das pessoas que estão assistindo os
filhotes sendo amamentados! O pavão Carlos não se fez de rogado, mas que
depressa abriu seu leque colorido e se pôs a desfilar próximo dos visitantes
que assistiam mamãe guaxinim amamentando carinhosamente seus filhotes. Só que
ninguém que assistia aquele momento de amor se voltou para olhar o pavão, todos
pareciam hipnotizados olhando a mamãe guaxinim e os seus filhotes com ternura.
O pavão Carlos percebendo que não estava agradando recolheu o seu leque
colorido e bateu em
retirada.
A pata
Geni se aproximou do pavão e foi logo dizendo.
__ Então
Carlos, aprendeu essa? A beleza mais importante é o que as pessoas tem por
dentro, a beleza exterior se admira, mas não emociona, porém o sentimento de
ver uma mãe amamentando os seus filhotes é um momento mágico que emociona, é o
amor de mãe se expressando, jorrando de dentro para fora, é a própria essência
de Deus, portanto está provado que a beleza interior é muito mais importante
que a exterior, como você viu eu não sou apenas uma ave comestível, sou
inteligente e tenho sentimentos, um dia o homem vai evoluir tanto, que não vai
mais precisar comer carne de nenhum outro ser vivo. Dito isso, a pata Geni sai
de cena de cabeça erguida, se sentindo o próprio pai da ciência, Albert
Einstein. Mas o pavão Carlos não se dá por vencido e diz para o tucano que
estava ouvindo toda a conversa.
__ Não sei
pra que ela quer inteligência se vai terminar dentro de um prato coberta com
suco de laranja, há, há, há, há, há! O tucano já levantando vôo, responde.
__ Ouvi dizer
Carlos, que quem ri muito tem pouco juízo, há, há, há, há, há! Carlos ficou
vermelho de raiva, enquanto o tucano fazia vôos baixos enchendo o parque com
suas gargalhadas.
Dilma Lourenço Moreira
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