quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O pavão orgulhoso





Carlos é um pavão muito orgulhoso, sabe que é belo e chama a atenção por onde passa, caminha cheio de si exibindo o seu leque colorido entre as alamedas do parque. Os visitantes tiram fotos extasiados diante da beleza do pavão Carlos, esse satisfeito posa para os visitantes. Só que tem mais alguém querendo aparecer. Logo atrás do leque aberto de Carlos, a pata Geni pega uma carona para sair também na foto. Carlos fica furioso todas as vezes que a pata faz isso.

__ Você já faz isso para me irritar, não é Geni? Você não se toca que ninguém quer foto sua! Saia logo daí! Chiou. A estrela do parque sou eu!

__ Carlos, isso é egoísmo, me deixa ficar aqui só mais um pouquinho! Falava a pata Geni enquanto fazia pose pros visitantes fotógrafos, que não paravam de tirar fotos do pavão.

__ Geni, saia logo daí, estou perdendo a paciência com você! A pata Geni continua fazendo pose e diz sorrindo.

__ Carlos, sorria pros fotógrafos, não fica nervoso, assim você está ficando feio! Faça assim como eu, olha, olha, o moço ali vai tirar outra foto. Fala Carlos, aproveita para sair bem na foto! Dizia a pata Geni mostrando seus dentinhos. Com isso, terminou realmente a pata Geni roubando a atenção para ela. Geni ganha os focos dos fotógrafos que se divertem com as poses da pata fazendo gestos meigos. O pavão irritado fecha o seu leque e vai embora. A pata Geni se diverte irritando Carlos, ele acha que os visitantes vêm ao parque somente para vê-lo. Mas Carlos é também vingativo e quando percebe que Geni conseguiu a atenção dos visitantes corre em sua direção atropelando-a, tirando-a dos focos dos fotógrafos e assim Geni também termina perdendo o rebolado e sai de cena acompanhada pelas gargalhadas do pavão se achando vitorioso.

__ E ai, gostou papuda? Eu já te falei Geni, fica longe de mim, olha pra você, é um tipinho comum, ninguém te vê. Você não tem atrativos nenhum, enquanto que eu quando estou com o meu leque aberto encanto a todos com as minhas belas cores! A pata Geni se aproxima com uma das asinhas na cintura e outra apontando na direção da crista do pavão.

__ Há! Agora você falou uma verdade Carlos, você só chama a atenção quando está com a calda aberta, caso contrário, você também passa despercebido!

__ E daí, cada um usa as armas que tem meu bem! Tornou o pavão exibindo seu leque na frente da pata, se sentindo magnânimo. E você, que nem isso tem, se contenta em ficar na sombra dos outros!

__ Carlos, você acha que é melhor que eu só porque tem uma cauda colorida, pois eu te proponho um desafio!

__ Qual é? Não vale o desafio de quem tem a carne mais gostosa, há, há, há! Gargalhou o pavão cinicamente e continuou Carlos ironizando. Pata Geni, sabe qual a diferença entre nós dois? É que eu sou uma ave de adorno e você é uma ave comestível, dizem que pato com laranja é muito bom, há,há,há, então Geni, diz ai, afinal qual é o desafio?

__ Vou te provar que não sou apenas uma ave comestível, tem coisa mais importante que a beleza exterior!

__ Pode até ser, mas a primeira impressão é a que fica! Respondeu o pavão orgulhoso de sua cauda.

__ Olha Carlos, a dona Guaxinim amamentando os seus filhotes! Aposto que se você abrir a sua calda agora, não vai chamar a atenção das pessoas que estão assistindo os filhotes sendo amamentados! O pavão Carlos não se fez de rogado, mas que depressa abriu seu leque colorido e se pôs a desfilar próximo dos visitantes que assistiam mamãe guaxinim amamentando carinhosamente seus filhotes. Só que ninguém que assistia aquele momento de amor se voltou para olhar o pavão, todos pareciam hipnotizados olhando a mamãe guaxinim e os seus filhotes com ternura. O pavão Carlos percebendo que não estava agradando recolheu o seu leque colorido e bateu em retirada.
 A pata Geni se aproximou do pavão e foi logo dizendo.

__ Então Carlos, aprendeu essa? A beleza mais importante é o que as pessoas tem por dentro, a beleza exterior se admira, mas não emociona, porém o sentimento de ver uma mãe amamentando os seus filhotes é um momento mágico que emociona, é o amor de mãe se expressando, jorrando de dentro para fora, é a própria essência de Deus, portanto está provado que a beleza interior é muito mais importante que a exterior, como você viu eu não sou apenas uma ave comestível, sou inteligente e tenho sentimentos, um dia o homem vai evoluir tanto, que não vai mais precisar comer carne de nenhum outro ser vivo. Dito isso, a pata Geni sai de cena de cabeça erguida, se sentindo o próprio pai da ciência, Albert Einstein. Mas o pavão Carlos não se dá por vencido e diz para o tucano que estava ouvindo toda a conversa.

__ Não sei pra que ela quer inteligência se vai terminar dentro de um prato coberta com suco de laranja, há, há, há, há, há! O tucano já levantando vôo, responde.

__ Ouvi dizer Carlos, que quem ri muito tem pouco juízo, há, há, há, há, há! Carlos ficou vermelho de raiva, enquanto o tucano fazia vôos baixos enchendo o parque com suas gargalhadas.



Dilma Lourenço Moreira


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