O príncipe Ronald
vivia em um castelo gigantesco, de modo que se perdia muito tempo para se
locomover de uma ala a outra, sem contar que freqüentemente se perdiam a
caminho do saguão principal devido a muitos corredores que tinha que
atravessar, sendo assim o rei ordenou que estalassem por todo castelo trilhos
com mine-carrinhos movidos a geradores para facilitar a vida dos moradores do
castelo.
As crianças
adoraram a novidade, ainda mais que andar pelos corredores era assustador, por
diversas vezes viram vultos de uma criança do povo correndo pelo palácio, tinha
noites que ela chorava até tarde, já tinha tempo que esse fantasma visitava a
família real. A criadagem conta que em noites pardas esse fantasma percorria os
corredores com uma vela acesa nas mãos, clamando por socorro.
Certo dia o sol mal
tinha nascido e o príncipe Ronald pegou um dos carrinhos sem a companhia do seu
criado, se dirigindo para a suíte de seus pais, quando o carrinho do nada pára
no meio de um dos corredores, esse além de ser mal iluminado era amplo, muito
comprido, a se perder de vista. O silêncio era geral, o príncipe começou a
gritar chamando pelos guardas reais, até que um vulto passa bem próximo dele, o
corredor de repente se encheu de vultos e o medo do príncipe Ronald cresceu.
__ Quem está aí?
__ Sou eu
Majestade!
__ Eu Quem?
__ Me chamo Aline
majestade, o senhor está perdido?
Nisso, o vulto vem
se aproximando de mansinho fazendo os cabelos do príncipe se arrepiar de pavor.
__ Você é um
fantasma?
__ Não senhor, sou
de carne e osso, como já disse meu nome é Aline e esse aqui é o meu amigo Raí.
__ Céus, um rato e
um fantasma! Esse castelo está mesmo abandonado, guardas, guardas, socorro!
O ratinho sente o
medo do príncipe e se aproxima fazendo cara de bravo, a jovem vem logo atrás em
seu socorro.
__ Não se assuste
majestade, nós vamos lhe ajudar a encontrar o caminho.
O príncipe,
apavorado sai correndo pelos corredores balançando, tocando a sineta feito um
desesperado, na esperança que alguém ouvisse o seu pedido de socorro.
__ Socorro,
socorro, estou sendo perseguido por um fantasma.
__ Fantasma? Aonde?
Aonde?
Pergunta Raí,
procurando a sua volta.
__ Ele está se
referindo a mim, Raí.
__ KKKKKKK, Você é
um fantasma Aline, KKKKKKK, olha a cara de medo príncipe, Bum!!! Bum!!!
Calma majestade!
Nós não vamos lhe fazer mal, eu não sou fantasma. Veja, sou uma garota, estou
viva!
__ Viva? E de onde
você é? Nunca te vi por aqui! Argumenta o príncipe, desconfiado.
__ Tudo que sei é
que tem fantasma nessa ala do castelo, os empregados contam que os fantasmas
passeiam nos corredores tranquilamente na calada da noite, ouvem gemidos,
móveis sendo arrastados, choros e às vezes risadas, dizem que é mais que um
fantasma, uns dizem que ouvem choro de uma criança, outros que é uma mulher de
cabelos compridos com uma vela na mão.
__ Eu não sou
nenhum fantasma, majestade. A minha mãe era empregada nesse castelo, mas certo
dia ela ficou muito doente e morreu me deixando só no mundo, então me escondi
nessa ala isolada do castelo, fiquei com medo que me mandassem embora, aqui
quase não vem ninguém, a não ser visitantes.
__ Há, agora estou
lembrando-se de você, foi mesmo uma pena o que aconteceu com a sua mãe, na
época ouvi dizer que tinham te levado para morar com a sua madrinha.
__ É, mas a
madrinha nunca apareceu, desde então vivo aqui com meu amigo Raí. O príncipe
solta um sorrisinho abafado.
__ Mas ele é um
rato!
__ Sei disso, mas o
Raí é o meu único amigo. Se o príncipe permitir, posso lhe ajudar a encontrar o
caminho do saguão principal, conheço esses corredores como a palma da minha
mão.
__ Bem, e eu serei
eternamente grato, a propósito, minha mãe está precisando de uma criada para
cuidar dos meus irmãos menores, você não pode continuar vivendo confinada
nesses corredores, vem comigo.
Logo chegam ao
salão principal onde o rei e a rainha estavam reunidos com a família real
tomando o breakfast
matinal.
Todos se assustaram
com a entrada tempestiva do príncipe acompanhado de uma jovem estranha,
aproveitando o impacto dos presentes esse risonho apresenta a jovem como a
fantasminha do palácio.
O espanto é geral.
Ouviu-se grito por todo o castelo.
__ Um Fantasma!!!! Socorro!!! Um fantasma!!!
Calma! Calma
pessoal é brincadeira!
Então o jovem
explica para o rei e pra rainha da triste situação que a garota vivia, que a
linda fantasminha que assombrava o castelo na verdade se tratava da filha de
uma antiga empregada do castelo que foi acometida de uma doença muito grave,
vindo a falecer mais tarde desse mal, essa deixou uma menina que na época era
ainda quase um bebê, a mãe em seu leito de morte pediu que a criança fosse
entregue a madrinha, no entanto essa nunca apareceu e a criança cresceu
encerrada nos corredores do castelo, mais exatamente na ala dos visitantes todo
esse tempo.
A rainha ficou
penalizada com a situação da jovem e permitiu a pedido do príncipe que ela
permanecesse no castelo, ajudando na educação dos príncipes menores.
Depois desse dia
Aline se tornou quase parte da família real, cuidava dos irmãos caçulas do
príncipe e em suas horas vagas passeava no bosque, na companhia do príncipe
Ronald, os dois se tornaram inseparáveis, aliás, os três, porque o rato Raí
estava sempre presente nos passeios, cavalgadas pelo bosque e principalmente
nos piqueniques, até que um dia o príncipe não suportando guardar o imenso amor
que escondia no peito, declara seu amor pela jovem desde o dia que a conheceu.
Aline, emocionada
diz que com ela aconteceu o mesmo, mas que infelizmente aquele amor seria
impossível, pois ela era apenas uma plebéia, uma das centenas criadas do
palácio.
O príncipe ficou
feliz de ser correspondido e disse emocionado:
__ Não me importo, o nosso amor está acima
dessas condições sociais, o rei e a rainha já estão cientes e eles aceitam que
você se torne a minha princesa, se assim for do meu agrado.
O ratinho Raí
também chorava em um canto, ele que testemunhou aquele nobre sentimento desde o
início, estava feliz que os dois finalmente iam poder viver o amor que nutriam
um pelo outro.
Aline não cabia em
si de felicidade, há muito que fazia de tudo para sufocar esse sentimento
glorioso que crescia a cada dia, chegando a sangrar no peito por não se achar
merecedora de um príncipe, ela que cresceu escondida nos escombros do palácio
na companhia dos ratos jamais ousaria confessar ao príncipe o que se passava em
seu íntimo
__ Estou vivendo um
sonho! Quem diria que eu um dia me tornaria uma princesa, eu que cresci como um
fantasma, se esgueirando pelos corredores do palácio, um dia também viveria um
amor de conto de fada.
O príncipe pegou a
jovem em seus braços e os dois trocaram um longo beijo fazendo juras de amor.
__ Meu príncipe,
você me tirou das trevas, me fez conhecer o amor, prometo ser sua para todo o
sempre!
__ Aline, prometo
de hoje em diante fazer da sua vida um sonho de amor eterno, minha princesa
fantasminha!
A festa de
casamento do príncipe Ronald e da princesa Aline durou três dias e três noites.
Ainda hoje nos corredores do castelo se ouvem suspiros apaixonados.
Quem duvidar deste
amor é porque ainda desconhece tal sentimento. Quem sabe algum um dia você
ainda não encontrará também um amor de contos de fadas!
Dilma
Lourenço Moreira
Que tocante, Dilma.
ResponderExcluirEu amo histórias de princesas e castelos...
Gosto da forma como descreve os cenários...
Sempre há uma bela mensagem no fim.
Abraços