Dona canguru
tem uma filha muito rebelde, embora fique muito triste, às vezes mamãe canguru
tem que ser firme com florzinha.
__ Florzinha,
filha querida! Quantas vezes tenho que falar pra você, que precisa melhorar
esse seu comportamento?
__ Ora,
mamãe! Eu não sei do que a senhora está falando!
__ Florzinha,
eu te conheço! Por que o filho do vizinho saiu chorando aos berros, daqui?
__ Ora,
mamãe! Eu não fiz nada demais pra aquele moleque bobo!
__ Nada
demais? Então você fez alguma coisa pro garoto?
__ É, nada
demais! Apenas puxei as duas orelhas dele, pra aprender a me respeitar. Eu sou
mais velha que ele, não é a senhora mesmo quem diz que tem que respeitar os
mais velhos?
__ Florzinha!
Pra começar, não é com violência que se consegue o respeito de alguém, respeito
se conquista com as nossas atitudes! E quando eu digo que devemos respeitar os
mais velhos, eu estou me referindo aos adultos, e mais, pra exigir respeito de
outras crianças, primeiro você tem que se dar ao respeito! Não se pode sair
distribuindo safanões em seus coleguinhas, porque esses não concordam com o que
você diz. Essa não é uma boa maneira de se comportar, deixe que os pais do
garoto cuidem de sua educação, apesar de que eu também te ensino e você vive
cometendo travessuras! Florzinha, já está na hora de você ouvir mais os meus
conselhos!
__ Tá bom,
mãe! Outra hora a gente conversa, posso brincar agora?
A filhote de
canguru nem esperou a resposta de dona Flor e saiu pulando, se juntando no meio
dos outros cangurus. Dona Flor, triste, de longe fica observando o jeito da
filha. Em toda turma que entrava florzinha dava um jeito de arrumar confusões,
essa, sem paciência descia o braço nos coleguinhas, ela só queria que os outros
a entendesse, mas não tinha paciência para ouvir ninguém, só ela queria falar e
se era para brincar tinha que ser sempre do jeito que ela queria e quando
encontrava uma criança que se recusava a brincar do seu jeito, podia contar que
a muvuca estava formada, florzinha descia o braço na criança e saía da
brincadeira.
Mamãe Canguru
preocupada com a filha torna a chamá-la em um canto, aconselhando-a.
__ Florzinha!
Você precisa ter mais paciência com seus coleguinhas!
__ Há, mãe!
São todos uns bobos, não sabem brincarem, parece que são feitos de areia, não
podem nem tocar neles que se desmancham em lágrimas, são muito sensíveis,
cheios de não me toque.
__ Meu amor,
o que está te faltando é gentileza, respeite os seus amigos do jeito que eles
são, aprenda a observar as pessoas, elas são os nossos espelhos.
__
Espelhos??? Não compreendo!
De repente,
do outro lado da rua uma mãe repreende o filho, severamente.
__ Xi! É a
mãe do Carlinhos! Comenta florzinha curiosa, prestando atenção na confusão.
Olha lá, mãe! O menino está levando uma baita bronca! Nossa!!! A mulher está
muito nervosa, falando alto, chamando a atenção de todo mundo que passa. Que
mico! O que será que aconteceu? Hi, mãe! Não acredito! Agora a casa caiu de vez
pro lado do Carlinhos, coitado, a mãe está batendo nele, aqui no meio da rua!
__ Coitada é
dessa mãe, pra ela perder o controle dessa maneira, esse Carlinhos deve ter
aprontado feio!
__ É, mas a
mãe não tem o direito de constranger o filho dessa maneira! Diz florzinha,
indignada.
__ E o filho
tem o direito de constranger a mãe? Pra essa mãe dar palmadas no bumbum do
filho em praça pública, é porque ele deve ter passado dos limites.
__ E o estatuto
da criança, onde fica? Torna a retrucar florzinha, desafiando a mãe.
__ Meu bem!
Pai e mãe também erram, não somos perfeitos, nossos nervos não são de aço.
Quando recebemos a incumbência de educar uma criança, essa não vem com o manual
explicando como se deve educa- lá, a única coisa que sabemos é que toda
disciplina deve ser aplicada com amor! O que essa mãe esta fazendo é errado,
mas infelizmente tem filhos que abusam da paciência dos pais.
__ Então a
senhora é da opinião, que palmadas educa? Daqui a pouco a senhora vai falar
igual à mãe do Carlinhos, que palmadas e caldo de galinha não mata ninguém!
__ Palmadas
não educa, apenas corrige. O melhor é não ter que precisar usar esse tipo de
método, e se você acha que essa mãe está cometendo um ato de violência, está
errada florzinha, não pense que eu sou diferente daquela mãe que esta ali, se
ela precisou agir desta forma, é porque já conversou, aconselhou, pôs de
castigo e mesmo assim esse filho não aprendeu a maneira correta de se
comportar. Isso que você está vendo é desespero de uma mãe tentando educar um
filho arredio. Às vezes, os pais em um momento de descontrole recorrem às
palmadas, para trazer sua prole a razão. Sou contra espancar criança com
chicotes, cintos, isso chega a ser um crime e até mesmo diminuir a criança
verbalmente, mesmo porque esse tipo de agressividade não educa, apenas deixa
marcas profundas, trazendo conseqüência muito grave para a vida adulta dessa
criança. Tem filhos que os pais bastam falar uma vez e são obedecidos, outros levam
um pouco mais de tempo para serem educados, mas com carinho e paciência os pais
conseguem discipliná-los. A cena que você acabou de ver foi apenas um
descontrole emocional da mãe.
__ Tá! E só
porque ela não consegue se controlar tem o direito de dar palmadas no filho, em
público?
__ Florzinha!
Lembra que te falei que as pessoas são nossos espelhos? Se você não concorda
que uma mãe corrija seu filho com palmadas, então com que direito você bate em
seus coleguinhas quando eles não querem brincar com você? Se eu agisse como a
mãe do Carlinhos todas as vezes que você me desobedecesse, você iria gostar?
Florzinha
fica um tempo de cabeça baixa pensando no desabafo da mãe. Por alguns momentos
se viu no lugar de Carlinhos, a canguru respira fundo, compreendendo onde a mãe
estava querendo chegar.
__ Tá bom
mãezinha! A senhora tem razão, prometo que de hoje em diante vou me comportar
melhor! Não quero que a senhora tenha um descontrole emocional!
Dilma Lourenço Morei
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