sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A canguru briguenta




 Dona canguru tem uma filha muito rebelde, embora fique muito triste, às vezes mamãe canguru tem que ser firme com florzinha.
 

__ Florzinha, filha querida! Quantas vezes tenho que falar pra você, que precisa melhorar esse seu comportamento?

__ Ora, mamãe! Eu não sei do que a senhora está falando!

__ Florzinha, eu te conheço! Por que o filho do vizinho saiu chorando aos berros, daqui?

__ Ora, mamãe! Eu não fiz nada demais pra aquele moleque bobo!

__ Nada demais? Então você fez alguma coisa pro garoto?

__ É, nada demais! Apenas puxei as duas orelhas dele, pra aprender a me respeitar. Eu sou mais velha que ele, não é a senhora mesmo quem diz que tem que respeitar os mais velhos?

__ Florzinha! Pra começar, não é com violência que se consegue o respeito de alguém, respeito se conquista com as nossas atitudes! E quando eu digo que devemos respeitar os mais velhos, eu estou me referindo aos adultos, e mais, pra exigir respeito de outras crianças, primeiro você tem que se dar ao respeito! Não se pode sair distribuindo safanões em seus coleguinhas, porque esses não concordam com o que você diz. Essa não é uma boa maneira de se comportar, deixe que os pais do garoto cuidem de sua educação, apesar de que eu também te ensino e você vive cometendo travessuras! Florzinha, já está na hora de você ouvir mais os meus conselhos!

__ Tá bom, mãe! Outra hora a gente conversa, posso brincar agora?

A filhote de canguru nem esperou a resposta de dona Flor e saiu pulando, se juntando no meio dos outros cangurus. Dona Flor, triste, de longe fica observando o jeito da filha. Em toda turma que entrava florzinha dava um jeito de arrumar confusões, essa, sem paciência descia o braço nos coleguinhas, ela só queria que os outros a entendesse, mas não tinha paciência para ouvir ninguém, só ela queria falar e se era para brincar tinha que ser sempre do jeito que ela queria e quando encontrava uma criança que se recusava a brincar do seu jeito, podia contar que a muvuca estava formada, florzinha descia o braço na criança e saía da brincadeira.

Mamãe Canguru preocupada com a filha torna a chamá-la em um canto, aconselhando-a.

__ Florzinha! Você precisa ter mais paciência com seus coleguinhas!

__ Há, mãe! São todos uns bobos, não sabem brincarem, parece que são feitos de areia, não podem nem tocar neles que se desmancham em lágrimas, são muito sensíveis, cheios de não me toque.

__ Meu amor, o que está te faltando é gentileza, respeite os seus amigos do jeito que eles são, aprenda a observar as pessoas, elas são os nossos espelhos.

__ Espelhos??? Não compreendo!

De repente, do outro lado da rua uma mãe repreende o filho, severamente.

__ Xi! É a mãe do Carlinhos! Comenta florzinha curiosa, prestando atenção na confusão. Olha lá, mãe! O menino está levando uma baita bronca! Nossa!!! A mulher está muito nervosa, falando alto, chamando a atenção de todo mundo que passa. Que mico! O que será que aconteceu? Hi, mãe! Não acredito! Agora a casa caiu de vez pro lado do Carlinhos, coitado, a mãe está batendo nele, aqui no meio da rua!

__ Coitada é dessa mãe, pra ela perder o controle dessa maneira, esse Carlinhos deve ter aprontado feio!

__ É, mas a mãe não tem o direito de constranger o filho dessa maneira! Diz florzinha, indignada.

__ E o filho tem o direito de constranger a mãe? Pra essa mãe dar palmadas no bumbum do filho em praça pública, é porque ele deve ter passado dos limites.

__ E o estatuto da criança, onde fica? Torna a retrucar florzinha, desafiando a mãe.

__ Meu bem! Pai e mãe também erram, não somos perfeitos, nossos nervos não são de aço. Quando recebemos a incumbência de educar uma criança, essa não vem com o manual explicando como se deve educa- lá, a única coisa que sabemos é que toda disciplina deve ser aplicada com amor! O que essa mãe esta fazendo é errado, mas infelizmente tem filhos que abusam da paciência dos pais.

__ Então a senhora é da opinião, que palmadas educa? Daqui a pouco a senhora vai falar igual à mãe do Carlinhos, que palmadas e caldo de galinha não mata ninguém!

__ Palmadas não educa, apenas corrige. O melhor é não ter que precisar usar esse tipo de método, e se você acha que essa mãe está cometendo um ato de violência, está errada florzinha, não pense que eu sou diferente daquela mãe que esta ali, se ela precisou agir desta forma, é porque já conversou, aconselhou, pôs de castigo e mesmo assim esse filho não aprendeu a maneira correta de se comportar. Isso que você está vendo é desespero de uma mãe tentando educar um filho arredio. Às vezes, os pais em um momento de descontrole recorrem às palmadas, para trazer sua prole a razão. Sou contra espancar criança com chicotes, cintos, isso chega a ser um crime e até mesmo diminuir a criança verbalmente, mesmo porque esse tipo de agressividade não educa, apenas deixa marcas profundas, trazendo conseqüência muito grave para a vida adulta dessa criança. Tem filhos que os pais bastam falar uma vez e são obedecidos, outros levam um pouco mais de tempo para serem educados, mas com carinho e paciência os pais conseguem discipliná-los. A cena que você acabou de ver foi apenas um descontrole emocional da mãe.

__ Tá! E só porque ela não consegue se controlar tem o direito de dar palmadas no filho, em público?

__ Florzinha! Lembra que te falei que as pessoas são nossos espelhos? Se você não concorda que uma mãe corrija seu filho com palmadas, então com que direito você bate em seus coleguinhas quando eles não querem brincar com você? Se eu agisse como a mãe do Carlinhos todas as vezes que você me desobedecesse, você iria gostar?

Florzinha fica um tempo de cabeça baixa pensando no desabafo da mãe. Por alguns momentos se viu no lugar de Carlinhos, a canguru respira fundo, compreendendo onde a mãe estava querendo chegar.

__ Tá bom mãezinha! A senhora tem razão, prometo que de hoje em diante vou me comportar melhor! Não quero que a senhora tenha um descontrole emocional!


                                              Dilma Lourenço Morei

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Meu amigos no diHITT

Powered By Blogger