quinta-feira, 10 de março de 2011

A galinha Maricota




Certo dia a galinha Maricota teve uma ninhada com seis pintinhos, todos bem amarelinhos.

___ Epa, pera ai, dona Maricota!

Perguntou o galo Gepeto, desconfiado:

___ Por que esse pintinho aqui é vermelho?

___ Não, amor! Ele é igual aos outros.

___ Maricota, Maricota! Você quer me enganar dizendo que esse pintinho ai é amarelinho.

___ E não é bem-e! A mamãe vem vindo aí, pergunta pra ela! Respondeu Maricota, chorosa.

O galo Gepeto nervoso batia com força os pés no solo. Tinha ele um olhar furioso para a galinha Maricota.

___ Minha sogra! Chegaste a uma boa hora! Tem alguma coisa errada acontecendo aqui no meu galinheiro. Constatou o galo Gepeto, vermelho de raiva. Olhe esse pintinho vermelho, não é estranho?

Dona Gina examinou o pintinho vermelho e voltando o olhar para o galo Gepeto disse ironicamente:

___ Não vejo onde está o espanto? Esse pintinho é a tua cara!

___ Aonde, dona Gina? Eu não sou vermelho! Reage Gepeto, indignado.

A mãe de dona Maricota astuta feita uma raposa pergunta ao galo Gepeto, enquanto aponta para o galo o seu reflexo no bebedouro.

___ Querido genro! Olha a sua cor e olha a cor desse pitinho vermelho, não é a mesma?

O galo Gepeto respirou fundo arfando bem o peito com ar, tentando se controlar. Em seguida se dirige a mãe de dona Maricota, falando bem rente ao seu bico.

___ Minha sogra! Respeito muito a senhora, mas agora não é hora de fazer piadas! Se estou vermelho é de raiva e de vergonha! A minha honra está sendo questionada! E faço questão que Maricota me tire essa dúvida.

A galinha Maricota toda dengosa se aproxima do galo Gepeto.

___ Meu amor, não é bom ter esse tipo de conversa na frente das crianças! O vermelhinho, coitado, vai ficar traumatizado.

O galo furioso, pega a galinha por uma das asas afastando-a da ninhada.

___ Maricota, Maricota! Você tem alguma coisa a mais pra me dizer? Você não acha que me deve uma explicação?

A galinha Maricota constrangida diante de todo galinheiro, pergunta para o pai de seus pintinhos.

___ Meu querido, galo Gepeto! Há quanto tempo você me conhece? Essa não é a primeira ninhada que te dou e por acaso esse tempo todo que estamos juntos te dei algum motivo que viesse a ferir a tua honra?

___ Não, Maricota, mas esse filhote vermelho eu não engulo!

___ Gepeto, eu estou decepcionada com você! Responde a galinha Maricota, ofendida: Não é porque nós tivemos um filho de cor diferente dos outros, você se acha no direito de me chamar de adúltera? Isso quer dizer que você não confia em mim, porque desde o primeiro momento que viu esse pintinho vermelho em nosso ninho, você não pensou duas vezes pra me acusar.

Porém o galo Gepeto continuou insensível aos sentimentos da galinha Maricota e insiste:

___ Não vem com esse chororô pra cima de mim, Maricota. Se você tem uma explicação pra me dar, então fale de uma vez!

___ Explicação não tenho nenhuma! A única coisa que eu sei é que este filhote nasceu de nossa ninhada, portanto vermelhinho é nosso filho tanto quanto os outros. Você aceite ou não!

___ Então, e agora como vamos ficar? Perguntou o galo topetudo.

___Meu querido, galo Gepeto! Você não está entendendo! Quem tem problemas aqui é você, não eu! Se estou te dizendo que o vermelhinho é nosso filho, mas você não acredita, porque não tem confiança na sua companheira de uma vida inteira, então só tenho uma coisa a te dizer: A porta do galinheiro está aberta, é você que está demais aqui.

O galo Gepeto perdeu o chão, ficou nervoso, teve uma crise de tosse, perguntando em seguida, indignado:

___ Como é que é, Maricota?

___ É isso mesmo que você ouviu! Eu que não vou ficar com um companheiro que não confia em mim! Lutei do teu lado esse tempo todo, criamos nossos filhotes, essa é a terceira ninhada que temos juntos e mesmo assim você me trata desta forma? Pois então cheguei a uma conclusão: Caro, galo Gepeto! Quem não merece ter um marido como você, sou eu!

O galo Gepeto abaixa a crista e já ia saindo, quando uma galinha vermelha bate na porta do galinheiro a procura do seu filhote fujão. Desse momento em diante a confusão foi desfeita, mas o casamento do galo Gepeto e da galinha Maricota nunca mais foi o mesmo, pois não há união onde não se tem confiança.



Dilma Lourenço Moreira


Um comentário:

  1. Olá, D. Dilma; desculpe-me pelo "D". Uso-o, mas acho-o muito ofensivo, principalmente dirigindo-se a quem muito ler e muito escreve. Essas pessoas não envelhecem nunca! Talvez seja essa uma das razôes de existir a ABL, a moradia dos imortais. Minha amiga, achei-a no google, ao digitar o título do meu blog. Convido-a a misitá-lo, acho que vai gostar. Saudções!
    www.lerpodeserumprazer.blogspot.com

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