domingo, 20 de novembro de 2011

A raposa e o papagaio





  Dona raposa estava de tocaia em frente do galinheiro, sabia que o cão Sebastian, da raça dobermann que colocaram para vigiar o galinheiro uma hora ia se cansar, mas a dona raposa estava com tanta fome que já estava ficando vesga, quando um papagaio aparece em sua frente. Esta, mais que depressa dá um bote, agarrando o papagaio.

__ Socorro, socorro! O que é isso, dona raposa, não sou frango, nem muito menos galinha, me larga, me larga!
__ Desculpe papagaio, estou com tanta fome, que pra todo lugar que olho vejo frangos! Disfarçou a raposa com cara de pirada, largando o papagaio, ainda salivando.
__ Amiga raposa, há quanto tempo que a senhora não come?
__ Nem sei quanto tempo, papagaio, estou com tanta fome que não consigo conciliar nem os meus pensamentos. Veja, estou trêmula, sem forças, fraca, fraca!
O papagaio se mantendo a certa distância, percebendo que a raposa estava louca de fome, teve uma ideia para se divertir com a cara da raposa e ao mesmo tempo tirar a atenção do cão Sebastian do galinheiro, assim ele paquerava um pouco com as franguinhas.
__ Pobre raposa! Comentou o papagaio, com cara de pesar.
__ Se a senhora quiser, posso lhe ajudar a arranjar comida!
__ Jura??? Perguntou a raposa, com os olhos arregalados, salivando em total delírio. Imaginava saboreando o delicioso prato que o papagaio ia lhe trazer. Vamos, vamos logo papagaio, o que você está esperando, traga logo esta comida, antes que eu caia aqui dura, de fome!
__ Qual o seu prato preferido, dona raposa? Quer saber o papagaio, deixando a raposa mais animada.
__ Galinha, galinha, uma bem grande!
__ Seu desejo é uma ordem, dona raposa! A senhora está com sorte, olha aquela galinha ali, grande e gorda, dando sopa fora do galinheiro.
__ Aonde? Aonde? Pergunta a raposa, feito uma louca olhando pra tudo que é lado.
__ Ali, na frente do galinheiro!
__ O quê? Em frente do galinheiro?
A raposa torna a olhar com atenção pra direção que o papagaio indicava, soltando uma gargalhada histérica.
__ KKKKKKKK! Aquilo não é galinha, é cachorro, papagaio burro!
__ Dona raposa, a fome está cozinhando seus miolos! Não está mais nem reconhecendo uma galinha e das suculentas, veja, é uma baita galinha!
__ Tem certeza papagaio, que aquilo lá é uma galinha? Pra mim é o cão Sebastian!
__ Certeza absoluta! Vamos chegar mais perto! Olha lá em dona raposa, vai deixar essa galinha gigante solta por ai, logo aparece outra raposa e a senhora vai ficar só lambendo os dedos. Vai lá dona raposa, agarra a galinha! Gritava o papagaio, colocando pilha na raposa.
A raposa não pensou duas vezes, completamente maluca de fome pulou em cima do cão Sebastian dando uma tremenda mordida em uma de suas patas. O cão pulou em cima da raposa rolando no quintal em uma briga feroz, terminando o cão levando a melhor, agarrando o pescoço da raposa, fazendo-a gritar e fugir pro meio da mata, toda esfolada.
Enquanto isso, o papagaio se instalou no galinheiro, caindo na farra no meio das galinhas.
Mais tarde, a raposa encontra com o papagaio, esse, que não era bobo, nem nada, estava empoleirado no galho da árvore mais alta da mata. A pobre da raposa estava toda machucada, com mordidas por todo corpo.
__ Há, você esta aí! Seu papagaio de uma figa!? Desce daí, se você for macho? Aproveitou que eu estava delirando de fome e me fez se atracar com  o cão Sebastian, dizendo que era uma galinha! Que coisa feia papagaio, se aproveitar de uma velha senhora, faminta!

O papagaio do alto da árvore rachava o bico, de tanto rir.
__ KKKKKKKKKKKKKKKKK! Só me diz uma coisa, dona raposa! Me tira uma curiosidade! Que gosto tem, perna de cachorro? KKKKKKK!

__ Me aguarda! Deixa só eu te pegar aqui embaixo, papagaio mentiroso, que vou arrancar todas as penas do teu corpo!

Passou mais um tempo e um dia dona raposa viu o papagaio no galinheiro, em uma festinha entre as galinhas.

Dona raposa, sorridente tinha sede de vingança e pensou logo em dar o troco no papagaio assanhado e correu pra avisar pro cão Sebastian, que tinha um intruso no galinheiro.

O cão Sebastian ficou uma fera, com o desaforo do papagaio, dando- lhe uma tremenda surra, para aprender a não incomodar as galinhas.

A raposa quando viu o papagaio todo quebrado, rolou no chão, de tanto rir.

O papagaio, apesar de estar com o bico todo torto, parte pra revanche, chama a raposa, lhe propondo uma trégua.

__ Amiga raposa, pra provar que quero ser seu amigo, na janela da fazenda tem uma deliciosa torta de frango que colocaram lá para esfriar!

A raposa, sempre esfomeada não pensou duas vezes, saindo desarvorada na direção da fazenda. Realmente, lá estava à torta. De longe dava para sentir o aroma. E a raposa, salivando se aproxima rasteiramente do peitoral da janela, quando essa estava a um passo da torta, o papagaio aparece na janela e se põe a gritar:

 __ Pega ladrão! Pega ladrão!

A raposa, assustada foge rapidamente embaixo dos tiros de espingarda do senhor Lourenço, o proprietário da fazenda, enquanto o papagaio fica a gargalhar, se deliciando com a torta de frango.

__ KKKKKKK! Que tolinha, esta raposa!

Porém, o que o papagaio não esperava era que a raposa não tinha se dado por vencida. Furiosa e ainda faminta, assim que se livrou da perseguição do senhor Lourenço volta pra janela pegando a ave distraída, ainda comendo a torta de frango e arrancou até a última pena do papagaio, deixando-o pelado, feito uma franguinha. 



                                  Dilma Lourenço Moreira



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