Dona raposa
estava de tocaia em frente do galinheiro, sabia que o cão Sebastian, da raça
dobermann que colocaram para vigiar o galinheiro uma hora ia se cansar, mas a
dona raposa estava com tanta fome que já estava ficando vesga, quando um
papagaio aparece em sua frente. Esta, mais que depressa dá um bote, agarrando o
papagaio.
__ Socorro,
socorro! O que é isso, dona raposa, não sou frango, nem muito menos galinha, me
larga, me larga!
__ Desculpe
papagaio, estou com tanta fome, que pra todo lugar que olho vejo frangos!
Disfarçou a raposa com cara de pirada, largando o papagaio, ainda salivando.
__ Amiga
raposa, há quanto tempo que a senhora não come?
__ Nem
sei quanto tempo, papagaio, estou com tanta fome que não consigo conciliar nem
os meus pensamentos. Veja, estou trêmula, sem forças, fraca, fraca!
O papagaio se
mantendo a certa distância, percebendo que a raposa estava louca de fome, teve
uma ideia para se divertir com a cara da raposa e ao mesmo tempo tirar a
atenção do cão Sebastian do galinheiro, assim ele paquerava um pouco com as
franguinhas.
__ Pobre
raposa! Comentou o papagaio, com cara de pesar.
__ Se a
senhora quiser, posso lhe ajudar a arranjar comida!
__ Jura???
Perguntou a raposa, com os olhos arregalados, salivando em total delírio.
Imaginava saboreando o delicioso prato que o papagaio ia lhe trazer. Vamos,
vamos logo papagaio, o que você está esperando, traga logo esta comida, antes
que eu caia aqui dura, de fome!
__ Qual o seu
prato preferido, dona raposa? Quer saber o papagaio, deixando a raposa mais
animada.
__ Galinha,
galinha, uma bem grande!
__ Seu desejo
é uma ordem, dona raposa! A senhora está com sorte, olha aquela galinha ali,
grande e gorda, dando sopa fora do galinheiro.
__ Aonde?
Aonde? Pergunta a raposa, feito uma louca olhando pra tudo que é lado.
__ Ali, na
frente do galinheiro!
__ O quê? Em
frente do galinheiro?
A raposa
torna a olhar com atenção pra direção que o papagaio indicava, soltando uma
gargalhada histérica.
__ KKKKKKKK!
Aquilo não é galinha, é cachorro, papagaio burro!
__ Dona
raposa, a fome está cozinhando seus miolos! Não está mais nem reconhecendo uma
galinha e das suculentas, veja, é uma baita galinha!
__ Tem
certeza papagaio, que aquilo lá é uma galinha? Pra mim é o cão Sebastian!
__ Certeza
absoluta! Vamos chegar mais perto! Olha lá em dona raposa, vai deixar essa
galinha gigante solta por ai, logo aparece outra raposa e a senhora vai ficar
só lambendo os dedos. Vai lá dona raposa, agarra a galinha! Gritava o papagaio,
colocando pilha na raposa.
A raposa não
pensou duas vezes, completamente maluca de fome pulou em cima do cão Sebastian
dando uma tremenda mordida em uma de suas patas. O cão pulou em cima da raposa
rolando no quintal em uma briga feroz, terminando o cão levando a melhor,
agarrando o pescoço da raposa, fazendo-a gritar e fugir pro meio da mata, toda
esfolada.
Enquanto
isso, o papagaio se instalou no galinheiro, caindo na farra no meio das
galinhas.
Mais tarde, a
raposa encontra com o papagaio, esse, que não era bobo, nem nada, estava
empoleirado no galho da árvore mais alta da mata. A pobre da raposa estava toda
machucada, com mordidas por todo corpo.
__ Há, você
esta aí! Seu papagaio de uma figa!? Desce daí, se você for macho? Aproveitou
que eu estava delirando de fome e me fez se atracar com o cão Sebastian,
dizendo que era uma galinha! Que coisa feia papagaio, se aproveitar de uma
velha senhora, faminta!
O papagaio do
alto da árvore rachava o bico, de tanto rir.
__
KKKKKKKKKKKKKKKKK! Só me diz uma coisa, dona raposa! Me tira uma curiosidade!
Que gosto tem, perna de cachorro? KKKKKKK!
__ Me
aguarda! Deixa só eu te pegar aqui embaixo, papagaio mentiroso, que vou
arrancar todas as penas do teu corpo!
Passou mais
um tempo e um dia dona raposa viu o papagaio no galinheiro, em uma festinha
entre as galinhas.
Dona raposa,
sorridente tinha sede de vingança e pensou logo em dar o troco no papagaio
assanhado e correu pra avisar pro cão Sebastian, que tinha um intruso no
galinheiro.
O cão
Sebastian ficou uma fera, com o desaforo do papagaio, dando- lhe uma tremenda
surra, para aprender a não incomodar as galinhas.
A raposa
quando viu o papagaio todo quebrado, rolou no chão, de tanto rir.
O papagaio, apesar
de estar com o bico todo torto, parte pra revanche, chama a raposa, lhe
propondo uma trégua.
__ Amiga
raposa, pra provar que quero ser seu amigo, na janela da fazenda tem uma
deliciosa torta de frango que colocaram lá para esfriar!
A raposa,
sempre esfomeada não pensou duas vezes, saindo desarvorada na direção da
fazenda. Realmente, lá estava à torta. De longe dava para sentir o aroma. E a
raposa, salivando se aproxima rasteiramente do peitoral da janela, quando essa
estava a um passo da torta, o papagaio aparece na janela e se põe a gritar:
__ Pega
ladrão! Pega ladrão!
A raposa,
assustada foge rapidamente embaixo dos tiros de espingarda do senhor Lourenço,
o proprietário da fazenda, enquanto o papagaio fica a gargalhar, se deliciando
com a torta de frango.
__ KKKKKKK!
Que tolinha, esta raposa!
Porém, o que
o papagaio não esperava era que a raposa não tinha se dado por vencida. Furiosa
e ainda faminta, assim que se livrou da perseguição do senhor Lourenço volta
pra janela pegando a ave distraída, ainda comendo a torta de frango e arrancou
até a última pena do papagaio, deixando-o pelado, feito uma franguinha.
Dilma Lourenço Moreira
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