O sapinho Pererê era quase um girino, mas já
sabia o queria, queria ser mesmo era um cantor. Mal nascia o dia estava Pererê
com a boca enorme cantando bem alto para todo o brejo ouvir.
O brejo inteiro já estava ficando surdo de tão
alto que Pererê cantava, isso estava irritando os moradores que queriam
descansar, mas não podiam com o barulho que o sapinho chamava de musica, quando
ele começava não tinha quem fizesse o danadinho parar de cantar.
A coruja estressada foi falar com dona sapa.
__ Dona sapa, a senhora tem que tomar uma
providência, desde que o seu sapinho nasceu ninguém mais aqui no brejo tem paz
com sua cantoria constante.
Mamãe sapa ficou triste, não queria que Pererê
aborrecesse a vizinhança, mas o que fazer para Pererê parar de cantar se a
musica era o seu viver!
Dona sapa chamou Pererê em um canto pedindo
para o seu filhote cantar mais baixo, para não incomodar os moradores do brejo.
Pererê até tentou, mas quando arfava o peito o
som do seu coaxar se espalhava por toda a mata feito um trovão e esse coaxar
foi ficando cada vez mais alto, conforme Pererê ia crescendo.
Não demorou muito prá bicharada correr com
Pererê e mamãe sapa do brejo.
Com a trouxinha nas costas pegaram a estrada e
nem assim Pererê parava de cantar, "croac", "croac",
"croac".
Quando chegaram à cidade, o sapinho se juntou
no meio daquela muvuca toda e se pôs a cantar, "croac",
"croac", "croac". Ao seu redor se formava uma roda, todos
paravam para ouvir Pererê coaxar, achavam muito engraçado um sapinho tão
pequenino com um coaxar tão forte.
Pererê feliz se animou soltando seu coaxar prá
toda aquela gente, estava ele encantado percebendo que tinha a atenção de todo
aquele povo para ele. Finalmente ele estava cantando para uma platéia, o seu
sonho estava sendo realizado, quando se aproximou um homem todo fantasiado
carregando Pererê para longe de mamãe sapa.
O sapinho Pererê ficou muito assustado, mas o
homem lhe disse.
__ Se você vier comigo vou fazer de você uma
atração, você vai ser um sucesso!
Pererê mesmo sentindo a falta da mãe seguiu o
desconhecido.
Logo Pererê passou a ser a atração principal
do circo, ali ele podia cantar o mais alto que podia e o povo todo o aplaudiam.
Os dias foram se passando e Pererê foi
deixando de ser a atração do circo, porque o seu coaxar foi diminuindo.
Pererê já não estava feliz sentindo falta de
sua mãe dona sapa. Triste, encolhido em um canto ele ficava se perguntando, por
onde andará mamãe? Pensava o sapinho saudoso.
Passou um bom tempo deprimido e finalmente a
procura da mãe saiu. Retornou a cidade em busca de notícias e lá lhe informaram
que a dona sapa desgostosa por ter perdido o filho tinha voltado para o brejo.
Chegando ao brejo, de longe o sapinho
reconhece a mãe, corre a lhe abraçar pedindo perdão.
Dona sapa compreensiva diz entender, afinal,
aquele era o sonho do filho, ser um cantor.
__ Mãe, me perdoe! Pensei que o meu sonho
sendo realizado eu seria feliz, achei que o prazer de cantar era mais forte que
o amor de mãe. Com o tempo percebi que tudo não passava de ilusão, porque eu só
serei feliz e o meu sonho verdadeiramente realizado se você estiver do meu lado.
__ Vem comigo mãezinha, nunca mais vou deixar
você sair de perto de mim.
O sapo Pererê segurou a mão de dona sapa com
muito carinho e saíram pela estrada afora com Pererê feliz cantando a todo
pulmão, "croac", "croac", "croac".
Dilma
Lourenço Moreira
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